Em processo de reestruturação desde que recorreu ao Chapter 11 (o equivalente à recuperação judicial) nos Estados Unidos, em janeiro deste ano, a Gol deu mais um passo para reduzir as turbulências em sua operação.

A companhia aérea anunciou em fato relevante na quarta-feira, 6 de novembro, que firmou um acordo de apoio ao seu plano de reestruturação com sua controladora Abra e um comitê de credores, no âmbito do Chapter 11.

Nos termos do acordo, a Gol apresentará um plano de reorganização, com a conversão de ações, que permitirá reduzir até US$ 1,7 bilhão da sua dívida existente antes da instauração dos procedimentos do Chapter 11 e até US$ 850 milhões em outras obrigações.

“Chegar a este acordo é mais um passo importante em nossos esforços para fortalecer nossa posição financeira e impulsionar o sucesso de longo prazo da Gol”, afirmou, no fato relevante, Celso Ferrer, CEO da Gol.

Nesse processo, a Abra declarou um total de US$ 2,8 bilhões em crédito e concordou em receber cerca de US$ 950 milhões em novas ações, a depender de certas “questões pendentes”, além de US$ 850 milhões em dívida reestruturada.

Desse último montante, US$ 250 milhões serão obrigatoriamente conversíveis em novas ações a partir de 30 meses após a saída da Gol da recuperação judicial nos Estados Unidos, com base em determinados critérios de valorização da companhia aérea.

Os credores quirografários, por sua vez, também irão receber novas ações avaliadas em até aproximadamente US$ 235 milhões. Esse valor poderá ser maior, dependendo de resolução de certas questões pendentes, informou a companhia.

“Com o plano de reestruturação, a Gol e seus stakeholders se beneficiam da eliminação de custos e incertezas relacionados a eventuais litígios sobre esses créditos e avançam para a próxima fase do procedimento de Chapter 11”, observou a Gol no fato relevante.

A empresa também ressaltou que pretende levantar até US$ 1,85 bilhão em novo capital na forma de uma linha de crédito para quitar o financiamento na modalidade de debtor-in-possession (DIP) e fornecer liquidez adicional para apoiar sua estratégia após sair do procedimento de Chapter 11.

Embora esse capital seja captado principalmente na forma de dívida sênior garantida de longo prazo, a Gol poderá levantar até US$ 330 milhões em novas ações. A Abra e o comitê de credores concordaram em apoiar na estruturação dessa linha de crédito de saída da recuperação judicial.

A companhia destacou ainda que, desde que acionou o Chapter 11, obteve o financiamento DIP de US$ 1 bilhão e cerca de US$ 375 milhões em novos financiamentos com arrendadores, o que lhe deu a liquidez necessária para reinvestir em sua frota de aeronaves e retomar uma capacidade apropriada.

Nessa direção, a empresa disse já ter reativado uma parte “substancial” de sua frota de aeronaves 737, anteriormente paralisadas, e que espera concluir esse programa de reestruturação conforme deixar o Chapter 11.

A Gol acrescentou que espera apresentar seu plano de reorganização antes do fim de 2024 e que projeta sua saída da recuperação judicial até o fim de abril de 2025.

“A Gol está prestes a sair de seu procedimento de Chapter 11 com uma posição de liquidez consideravelmente melhorada e um balanço patrimonial desalavancado, com um custo unitário muito competitivo e uma rede robusta”, afirmou Adrian Neuhauser, CEO da Abra.

Após a apresentação do plano, a negociação da ação GOLL4, da Gol, foram suspensas. O papel está cotado a R$ 1,11 na B3. No ano, a ação acumula desvalorização de 87,6%. A empresa está avaliada em R$ 467 milhões.