A combinação de exposição a segmentos com boas perspectivas de crescimento, robusta rede de distribuição e portfólio de produtos em constante evolução, além de um valuation barato, fez o Goldman Sachs embarcar na tese de investimento da Intelbras com uma visão positiva.
Os analistas Vitor Tomita e Milenna Okamura iniciaram a cobertura das ações da companhia com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 27, o que representa um potencial de alta de 25,5% em relação à cotação atual dos papéis.
“Acreditamos que a Intelbras permanece bem posicionada para continuar a capturar valor da adoção de novas tecnologias por consumidores e empresas brasileiras, à medida que alavanca seu portfólio crescente de produtos”, diz trecho do relatório.
A divisão de produtos de segurança ganhou destaque na análise do Goldman Sachs, pelo fato de ter sido responsável por cerca de 54% da receita da Intelbras em 2023. Para os analistas, a tendência é de que o segmento continue se beneficiando do crescimento do mercado, que por sua vez tem sido puxado pela expansão dos projetos de incorporação e abertura de pequenos novos negócios no País, fatores decisivos para a demanda por esses equipamentos.
A Intelbras, de acordo com os analistas, possui um portfólio equilibrado, combinando produtos maduros e provados, como câmeras de segurança analógicas, com equipamentos com bom potencial de ganhar espaço na composição da receita, como câmeras e rastreadores para caminhões com inteligência artificial.
A unidade de tecnologia da informação e comunicação (TIC), responsável por 22% da receita no ano passado, deve se beneficiar das parcerias que firmou com outras empresas, fator que deve mitigar a desaceleração dos investimentos para expansão das redes de fibra ótica pelo País.
Os analistas destacam o acordo com a chinesa FiberHome, em que a Intelbras vai produzir e comercializar os equipamentos da companhia, voltados para o mercado de provedores de internet (ISPs). Outra parceria citada pelo Goldman Sachs é com a chinesa H3C, de equipamentos para grandes empresas.
“A expansão da Intelbras no mercado de segurança foi apoiada por parcerias com fabricantes originais de equipamentos estrangeiros, e a empresa tem empregado cada vez mais esse modelo na expansão de seu portfólio de TIC e de seu mercado endereçável", diz outro trecho do relatório.
No caso da terceira frente de negócios da Intelbras, de energia, os analistas do Goldman Sachs esperam uma retomada da parte de painéis solares, depois da forte desaceleração vista em 2023, atendendo a demanda de pequenos e médios consumidores, sejam residenciais ou negócios.
Mas os analistas veem com mais otimismo o ganho de protagonismo de outros produtos na parte de energia, como sistemas nobreak e carregadores para veículos elétricos. O segmento respondeu por 24% da receita consolidada da Intelbras em 2023.
“Apesar do protagonismo temporário da parte solar, as soluções não-solares também apresentam forte crescimento, com uma taxa anual de crescimento composta (CAGR, na sigla em inglês) de 45% entre 2018 e 2013”, diz uma parte do relatório.
A expectativa dos analistas do Goldman Sachs é de que a tendência vista nas três áreas de negócios da Intelbras resulte numa CAGR da receita de 14% entre 2024 e 2026, depois da queda de 3% vista em 2023, ano em que enfrentou uma série de dificuldades, especialmente na parte de energia.
Além das perspectivas de crescimento, a tese de investimento do Goldman Sachs para a Intelbras aponta para um valuation atrativo, considerando que o P/L para os próximos 12 meses está perto de 10 vezes, próximo aos menores níveis da série histórica.
Segundo os analistas, companhias internacionais parecidas são negociadas a um P/L de cerca de 17 vezes, demonstrando que as ações da Intelbras estão bastante descontadas, mesmo considerando as diferenças de custos de capital dos diferentes mercados.
Por volta das 10h37, as ações da Intelbras subiam 3,86%, a R$ 22,35. No ano, elas acumulam queda de 0,80%, levando o valor de mercado a R$ 7 bilhões.