Depois de realizar o spin-off do Éxito, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) está encaminhando a venda da fatia remanescente na rede colombiana de supermercados a um grupo de El Salvador, numa operação que pode injetar cerca de R$ 790 milhões em seu caixa, ajudando no processo de desalavancagem financeira.
Em fato relevante divulgado na madrugada desta segunda-feira, 16 de outubro, o GPA anunciou que o conselho de administração aprovou a celebração de um pré-acordo com o Grupo Calleja, de El Salvador, para a venda da participação remanescente no Éxito, correspondente a 13,31%.
O plano prevê que a venda ocorrerá por meio de uma oferta pública de aquisição (OPA) a ser lançada pelo Grupo Calleja na Colômbia e nos Estados Unidos para aquisição de 100% das ações do Éxito, avaliadas em US$ 1,17 bilhão (R$ 5,9 bilhões). A participação do GPA equivale a US$ 156 milhões (R$ 790 milhões).
A operação está sujeita à aquisição de pelo menos 51% das ações pelo Grupo Calleja. Além do GPA, que já se comprometeu em vender toda a sua participação, o Casino também fechou um pré-acordo para vender a sua participação de 34,05% na OPA.
O Grupo Calleja é detentor de um grupo varejista de supermercados em El Salvador que opera sob a marca Super Selectos, fundada em 1940 e que conta com mais de 100 lojas no país.
O valor em que o Grupo Calleja avalia o Éxito está um pouco acima ao visto na última proposta do bilionário colombiano Jaime Gilinski e acima ao seu valor de mercado atualmente.
Em julho, numa oferta para adquirir 51% do capital social do Éxito, Gilinski avaliou a rede de supermercados de seu país em cerca de US$ 1,15 bilhão (R$ 5,5 bilhões na ocasião). Atualmente, o Éxito está avaliado em cerca de US$ 850 milhões (R$ 4,3 bilhões).
A proposta do Grupo Calleja está sendo bem recebida pelos investidores. Por volta das 8h53, os ADRs do Éxito subiam 31,8% no pré-mercado da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
A oferta do Grupo Calleja é mais um passo no plano do GPA de reduzir a sua alavancagem financeira. No segundo trimestre, a companhia registrou uma dívida líquida, incluindo o saldo de recebíveis não antecipados, de R$ 2,9 bilhões, redução de R$ 100 milhões em relação ao primeiro trimestre e R$ 1,5 bilhão ante o mesmo período do ano anterior.
A empresa tem apostado na venda de ativos não core. Dentro deste contexto, o GPA concluiu neste ano a venda de 11 lojas, numa operação sale and leaseback, totalizando R$ 330 milhões. A companhia também vendeu um terreno situado na Barra da Tijuca, no valor de R$ 247 milhões, e se desfez de outros ativos não core, recebendo R$ 52 milhões.
Outra operação que pode sair é a venda da participação indireta que o GPA detém na Cnova, operação de e-commerce do Casino ao próprio grupo francês.
A OPA pelo Éxito também deve trazer um alívio financeiro ao Casino, que vem se desfazendo de ativos pelo mundo para contornar sua delicada situação financeira. A situação está resultando na troca de controle do grupo francês, com Jean-Charles Naouri dando lugar ao bilionário tcheco Daniel Kretinsky.