A disputa pelo controle do Casino parece ter caído no colo do segundo maior acionista do grupo varejista francês, o bilionário tcheco Daniel Kretínsky, e de sua parceira na empreitada, a holding Fimalac, do empresário francês Marc Ladreit de Lacharriere.

Isto porque seu concorrente, o consórcio 3F Holding, formado pelo empresário de telecomunicações francês Xavier Niel, o empresário de varejo de alimento Moez-Alexandre Zouari e o banqueiro de investimentos Matthieu Pigasse, anunciou que estava desistindo da disputa.

Segundo o jornal Financial Times (FT), o trio alegou, em nota, que o Casino estava conduzindo um “processo enviesado”. Além disso, um dos apoiadores de sua proposta, o fundo de investimento Attestor, passou a apoiar Kretínsky.

O Casino estabeleceu que os interessados teriam de apresentar na sexta-feira, 14 de julho, as ofertas revisadas, para serem avaliadas com base na “natureza incondicional dos compromissos de capital” e no “nível de liquidez disponível ao grupo após o fim da reestruturação”.

Enquanto o 3F não foi adiante, Kretínsky e Lacharriere submeteram uma oferta revisada que propõe, entre outros tópicos, uma injeção de cerca de € 1,2 bilhão no Casino.

Em entrevista ao FT antes do concorrente anunciar a saída da disputa, Kretínsky afirmou que sua oferta era a melhor à companhia e aos credores, pedindo que esses fossem “realistas” e aprovassem sua proposta, capaz de "restaurar o Casino a um crescimento positivo e, esperamos, dinâmico".

Qualquer uma das propostas resultará numa diluição dos atuais acionistas, entre eles o Rallye, holding do empresário e controlador do Casino, Jean-Charles Naouri. Ele vinha buscando encontrar formas de não perder força, mas com a empresa encurralada por uma dívida de € 6,4 bilhões e resultados em baixa, o empresário acabou se vendo sem saída.

Na entrevista ao FT, Kretínsky propôs que Naouri permaneça na empresa numa posição “respeitável”, além de declarar que pretende manter o grupo no formato atual “dentro do possível”, afirmando que não há qualquer acordo para vender lojas a rivais e que buscará preservar empregos. Sexto maior varejista da França, o Casino emprega cerca de 53 mil pessoas no país.

Com um patrimônio líquido na casa dos US$ 9,7 bilhões, segundo ranking produzido pela revista Forbes, Kretínsky fez boa parte de sua fortuna no setor de energia, sendo atualmente dono do EPH, um dos maiores grupos de eletricidade da Europa Central, atuando em geração e transmissão.

Nos últimos anos, ele vem investindo em outras áreas, incluindo mídia, sendo dono de uma fatia do jornal francês Le Monde, e em futebol, em que possui quase um terço do clube inglês West Ham.

Na entrevista ao FT, ele não fez menção quanto aos ativos do Casino fora da França, que vêm sendo vendidos para reforçar a liquidez da companhia. Em março, o Casino levantou R$ 4 bilhões com o follow on do Assaí, medida que resultou na redução de sua participação na companhia de 30% para 11,7%. E, em junho, vendeu o restante que detinha na rede de atacarejo via uma operação de block trade.

O Casino pretende ainda vender participação no Grupo Pão de Açúcar (GPA), em que detém 40,9% das ações ordinárias, e se desfazer da rede supermercados colombiana Éxito, nas mãos do GPA.

As ações do Casino fecharam o pregão desta segunda-feira, dia 17 de julho, com queda de 2,78% na Bolsa de Paris, a 3,14.