Mesmo diante de um cenário ainda menos favorável para as captações de fundos nos mercados privados, algumas gestoras de private equity estão conseguindo levantar e até mesmo superar os recursos projetados para novos veículos de investimentos.
Com US$ 58 bilhões sob gestão e centrada em empresas de médio porte, inclusive no Brasil, a americana H.I.G. Capital é o mais novo exemplo nessa direção, ao captar um novo fundo de US$ 6 bilhões.
Segundo a agência Bloomberg, o montante total arrecadado pela companhia sediada em Miami inclui US$ 450 milhões reservados a coinvestimentos e supera a meta inicial estipulada pela empresa, que apontava para uma captação de US$ 5 bilhões.
“O ambiente de captação de recursos tem sido desafiador”, afirmou Jordan Peer Griffin, diretora-executiva da H.I.G. Capital, em nota. “Fomos capazes de superar essa dinâmica em função do forte desempenho e da abordagem diferenciada da nossa estratégia.”
Um retrato desse contexto mais desafiador é um estudo da Bain & Co, cujos dados mostram que o valor global de recursos captados no primeiro semestre de 2023 registrou uma queda de 35%, para US$ 517 bilhões, na comparação com igual período do ano passado.
Na contramão desse recuo, o novo fundo da H.I.G. é o sucessor de um veículo de US$ 3,1 bilhões, cuja captação foi concluída no fim de 2019. De acordo com dados compilados pela Bloomberg, a segunda safra de investimentos desse fundo registrou uma taxa de retorno líquida de 28,44%, com um múltiplo de 2,2 sobre o capital investido.
Parte desses números está ligada a uma série de saídas realizadas no portfólio da gestora. O mercado brasileiro é um bom exemplo de movimentações recentes no que diz respeito a desinvestimentos da gestora.
Há pouco mais de uma semana, a H.I.G. Capital vendeu a fatia minoritária que detinha na Eletromidia, em uma transação com o Grupo Globo. A gestora investia na companhia brasileira de mídia out of home desde 2013.
Em março deste ano, a H.I.G. também anunciou a venda de sua participação na Elekeiroz, indústria brasileira do setor de químicos. O pacote de saídas no País envolve ainda players como Desktop, Bigsal e Amo, essa última, de clínicas de oncologia, vendida para a Dasa, em julho de 2021, por R$ 750 milhões.
Em contrapartida, a empresa americana segue com uma série de ativos brasileiros e latino-americanos sob o seu guarda-chuva. Entre eles, a LG lugar de gente, companhia de software de recursos humanos que, no início de 2021, chegou a se candidatar a um IPO na B3.
Com o fechamento da janela para as aberturas de capital, logo na sequência, a companhia recuou desse objetivo, mas passou a dar velocidade à frente de M&As para reforçar sua oferta. Os três últimos acordos foram fechados em julho, com as compras da FAP Milaneli, Único RH e Medei.
Além da LG, o portfólio local da H.I.G. conta ainda com empresas como a FVO, do segmento de alimentação para pets; Meridional, de hospitais; Nadir Figueiredo, fabricante de louças; Office Total, do segmento de impressão; NZN, de conteúdo digital; Tecfil, de autopeças; e a rede de academias Selfit.