Em um momento efervescente no setor, a operadora de saúde cearense Hapvida, que está em processo de fusão com a NotreDame Intermédica, está fazendo duas novas aquisições.

A principal delas é a do Grupo HB, com atuação focada no interior de São Paulo, principalmente na região de São José do Rio Preto e Mirassol, em uma transação de R$ 450 milhões.

O Grupo HB, que no ano passado faturou R$ 310 milhões, é composto por uma operadora de saúde, um hospital, oito unidades ambulatoriais, uma clínica infantil e outros equipamentos.

“É mais um passo importante na estratégia de crescimento e ganho de market share no estado de São Paulo e que está ampliando o potencial de crescimento verticalizado na região”, afirmou Maurício Ferreira, vice-presidente financeiro e de relações com o investidor, em fato relevante.

Com a absorção da operadora de saúde do Grupo HB, que conta com 128 mil beneficiários, a Hapvida, que hoje soma 110 mil na mesma área de abrangência, mais do que dobrará o número de vidas atendidas.

“A transação é sinérgica do ponto de vista geográfico e operacional, uma vez que a cidade de São José do Rio Preto fica localizada a cerca de 200 km de Ribeirão Preto e de Uberaba, cidades com operações adquiridas e recém-integradas pelo Hapvida”, informa um trecho, do fato relevante.

Em 2019, a Hapvida comprou o grupo São Francisco, em 2019, em um negócio de R$ 5 bilhões. Com a aquisição, passou a ter uma presença forte no interior de São Paulo, Centro-Oeste e Sul.

Aos poucos, a rede foi aumentando sua presença no interior de São Paulo, com outras aquisições. No ano passado, por exemplo, a Hapvida adquiriu 85,7% do Grupo São José, focado no Vale do Paraíba, por R$ 320 milhões, e abocanhou também o grupo Santa Filomena, de Rio Claro, por R$ 45 milhões.

Esses negócios fazem parte de uma intensa agenda de M&A que a Hapvida tem tocado desde 2018, quando abriu o seu capital na B3. Na ocasião, captou R$ 3,4 bilhões. Desde então fez dois follow ons. Em um deles, em 2019, levantou R$ 2,6 bilhões. Em outro, agora em abril de 2021, arrecadou R$ 2,7 bilhões.

Entre as compras mais recentes estão a da operadora de planos de saúde Premium, por R$ 150 milhões, e a rede hospitalar Promed, por R$ 1 bilhão.

No mesmo fato relevante, a Hapvida fez uma transação pontual na Bahia. A companhia ofereceu R$ 25 milhões por um hospital do município de Alagoinhas, o Dia-Cetro, que tem capacidade para 16 leitos e receberá investimentos da Hapvida para ampliação e modernização.

A ideia é que o hospital sustente um crescimento orgânico de curto prazo da Hapvida, com atendimento a pessoas que já são beneficiárias da rede na região.

Consolidação

Os movimentos feitos pela Hapvida fazem parte de um processo de consolidação do setor de saúde tocado por empresas altamente capitalizadas.

Na terça-feira, 6 de julho, o Hospital Matter Dei anunciou a compra de 70% do Grupo Porto Dias, com atuação concentrada na região Norte, por R$ 800 milhões. Na semana passada, a Dasa pagou R$ 750 milhões para levar a rede de clínicas de oncologia AMO, que está na Bahia e soma 16 clínicas, a maior parte em Salvador.

A Rede D’Or, que estreou como companhia de capital aberto no fim do ano passado, já fez uma nova oferta de ações em maio e conseguiu captar R$ 4,9 bilhões, dos quais uma parte relevante será destinada à expansão por meio de aquisições.

A Hapvida e NotreDame Intermédica estão unindo suas operações, criando a maior operadora de saúde do mercado brasileiro, com valor de mercado de mais de R$ 100 bilhões e uma fatia de 18% do mercado de planos privados.

A fusão já foi aprovada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas não pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

As ações da Hapvida operam estáveis nesta quarta-feira, 7 de julho, cotadas a R$ 14,96 por volta das 12h30. O valor de mercado da companhia é R$ 55,5 bilhões.