O Itaú Unibanco encerrou sua história na Argentina. Em fato relevante publicado na manhã de quinta-feira, 24 de agosto, o banco brasileiro informou que concretizou a venda de sua operação no país vizinho. A transação foi fechada junto ao Banco Macro, que adquiriu o controle da operação por cerca de R$ 250 milhões.

No documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Itaú informou que foi celebrado um “acordo vinculante de compra e venda de ações com o Banco Macro por meio do qual será alienada a totalidade das ações detidas no Banco Itaú Argentina S.A. e em suas subsidiárias”.

No começo de junho, o NeoFeed reportou que o Itaú negociava preliminarmente a venda de sua operação argentina. O banco havia publicado fato relevante na época para informar ao mercado sobre a possibilidade de negócio entre as partes.

A venda por R$ 250 milhões ficou abaixo da previsão de US$ 100 milhões (cerca de R$ 490 milhões, no câmbio atual) do mercado, como havia apurado o jornal La Nación. O valor será ajustado pelo resultado líquido da operação na Argentina e auferido entre abril deste ano e a data de fechamento do negócio.

O Itaú estima que o impacto não-recorrente desta transação no resultado do banco será negativo em, aproximadamente, R$ 1,2 bilhão.

O banco também afirma que “continuará atendendo os clientes corporativos locais e regionais, e pessoas físicas dos segmentos de wealth e private banking, por meio de suas unidades internacionais”.

Em outro trecho do comunicado, o Itaú Unibanco informou que submeterá à aprovação das entidades reguladoras argentina e brasileira um pedido de abertura de escritório de representação na Argentina, responsável por conduzir a operação.

Itaú na Argentina

A operação na Argentina foi alavancada em 1998 quando o Itaú adquiriu o Banco del Buen Ayre por US$ 225 milhões. Passados mais de 25 anos, o banco brasileiro consolidou uma operação que conta com 58 agências no país. A maior parte delas fica em Buenos Aires e nos arredores da capital federal.

Ainda assim, a operação é enxuta. Dados da S&P Global Market Intelligence apontam que, ainda que o Itaú Unibanco seja o líder em ativos da América Latina em 2022, com US$ 439 bilhões sob gestão, o banco brasileiro não está no top 10 do país vizinho.

Em junho, dados do Banco Central da Argentina apontavam que o Itaú tinha US$ 411,7 milhões em ativos no país, dos quais 47% estavam aplicados em títulos públicos. Os empréstimos ao setor privado não financeiro totalizaram US$ 116,7 milhões.

Do lado do Banco Macro, a aquisição visa aumentar a rede de clientes corporativos e pessoas físicas. Em janeiro, mais de 3,1 mil empresas utilizavam o banco brasileiro no país para pagar salários a 58,3 mil pessoas físicas. Cerca de 851,7 mil cartões de débito e 390,7 mil cartões de créditos já haviam sido emitidos.

A saída da Argentina ocorre em um momento conturbado no país. Vencedor das primárias no país, o candidato ultradireitista Javier Milei defende a dolarização da economia do país como uma solução para conter a inflação, que em maio já havia ultrapassado a barreira dos 100%.

Com valor de mercado de R$ 251,9 bilhões, a ação preferencial do Itaú acumula alta de 13,1% no ano e de 9% em 12 meses.