Grupo focado na alta renda, a JHSF reportou seu balanço do terceiro trimestre de 2025 com o retrato mais recente do mix de suas operações. Da incorporação, sua origem, ao braço mais recente de renda recorrente, fruto de sua estratégia de diversificação.

No período, o lucro líquido consolidado avançou 117,5%, para R$ 304,5 milhões sobre o mesmo intervalo de 2024, enquanto a receita líquida cresceu 38,4%, para R$ 516,7 milhões. Já o Ebitda ajustado de R$ 262,8 milhões representou um salto de 76,6% nessa mesma base de comparação.

“Tão importante quanto os números é a qualidade desse resultado”, diz Augusto Martins, CEO da JHSF, ao NeoFeed. “Esse é o quarto trimestre consecutivo com crescimento em todas as nossas unidades e também do resultado consolidado, o que reflete a força desse ecossistema.”

Nessa combinação, os negócios de renda recorrente registraram seu melhor resultado histórico e o oitavo trimestre consecutivo com crescimento de dois dígitos. O lucro líquido do segmento, por exemplo, teve alta anual de 43,3%, para R$ 234,2 milhões.

Em outros indicadores, esse braço apurou uma receita líquida de R$ 313,1 milhões, uma expansão de 27,4%, além de um Ebitda ajustado de R$ 153,5 milhões, um desempenho 32,5% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior.

No detalhe, todas as unidades que compõem esse bloco registraram expansão de receita. Em shopping centers, o avanço foi de 12,7%, para R$ 83 milhões, enquanto em hospitalidade e gastronomia, a cifra de R$ 101,8 milhões traduziu uma evolução de 4,6%.

Complementando esse pacote, a receita do São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional ficou em R$ 59,4 milhões, alta de 36,2%, e a de JHSF Residences e Clubs cresceu 136,4%, para R$ 65,4 milhões.

“Hoje, todos esses negócios têm quase o mesmo tamanho”, diz Martins. “Isso nos dá uma condição muito importante de diversificação de risco e previsibilidade de resultado, o que permite que a JHSF siga equilibrando o bloco de renda recorrente com o braço de incorporação.”

Assim como no segundo trimestre, o negócio de incorporação, por sua vez, voltou a dar sinais de que pode dividir o protagonismo com a renda recorrente. No trimestre, essa unidade apurou um lucro líquido de R$ 109,4 milhões, um salto de 212,2%.

Entre julho e setembro, o segmento contabilizou ainda uma receita líquida de R$ 180 milhões, o que representou um crescimento de 53,2%, além de um volume de vendas contratadas de R$ 400 milhões, alta de 5,8%.

Outro destaque no período foi o anúncio, em setembro, da estruturação de um veículo de R$ 4,6 bilhões, com garantia firme de investidores nacionais e internacionais, bem como de bancos que estão ancorando a oferta.

Martins ressalta que, com essa iniciativa, a JHSF passará a ter, de um lado, seus produtos já prontos ou em desenvolvimento, reunidos nesse veículo. E, do outro, uma companhia que vai combinar um braço puro de renda recorrente com o estoque de terrenos e ativos ainda não lançados.

“É um marco relevante para a companhia. Ainda mais, pelo fato de vir num bom momento do negócio de incorporação”, afirma Martins. “E esse movimento vai permitir uma visão mais específica e precisa do valor intrínseco da empresa.”

O trimestre foi marcado ainda por uma emissão de debêntures de R$ 300 milhões, como parte do reforço da estrutura de capital. No período, a dívida líquida foi de R$ 1,9 bilhão, contra R$ 1,2 bilhão no segundo trimestre de 2025. Nessa mesma base, a alavancagem saiu de 1,73 vez para 1,92 vez.

Apesar do crescimento desses indicadores, Martins ressalta que a JHSF reduziu o custo e, ao mesmo tempo, alongou os prazos da dívida total da companhia. Além de ampliar a capacidade de cobertura desses vencimentos, de um ano, no terceiro trimestre de 2024, para o patamar atual de 5 anos.

“Nós chegamos a uma alavancagem muito confortável para o volume de investimentos que temos feito”, diz. “E isso nos dá uma segurança grande para seguir nesse ritmo acelerado em todas as unidades e para podermos entregar todos os projetos que temos pela frente.”

Do golfe aos iates

Não são poucas as entregas programadas pela JHSF. No curto prazo, esse pacote inclui a abertura oficial do São Paulo Surf Club, no fim do mês, e a abertura do Boa Vista Town Center, shopping que estará conectado ao Boa Vista Village, complexo que está sendo erguido em Porto Feliz (SP).

O Boa Vista Village também vai abrigar um dos próximos movimentos na área de clubs, com o Boa Vista Village Golf Club, além de um hotel, o Grand Lodge. Outro projeto é a segunda fase do JHSF Fasano Sardegna, na Itália, com o início das reservas para as vilas que irão integrar o empreendimento.

A JHSF reservou espaço ainda para uma nova vertente do mercado de alta renda. Em outubro, o grupo anunciou a compra de uma fatia majoritária da BYS International, empresa fundada em 2012 e que é especializada em serviços de charter (locação), administração e compra e venda de iates.

Inicialmente, o negócio ficará sob o guarda-chuva da vertical de aeroportos. Martins ressalta, porém, que a nova frente é bastante complementar à divisão de hospitalidade. E também tem potencial para ganhar vida própria.

“Vamos nos aprofundar nessa operação, assim como fizemos quando entramos nos outros negócios de renda recorrente”, diz Martins. “Esse é um setor que cresce com muita força no segmento de alta renda e que, na nossa visão, vai ter cada vez mais relevância na carteira desse cliente.”

As ações da JHSF fecharam o pregão da quinta-feira com ligeiro recuo de 0,84%, cotadas a R$ 7,08. Em 2025, porém, os papéis têm uma valorização acumulada de 93,4%. O grupo está avaliado em R$ 4,7 bilhões