O mantra estabelecido pelo CEO da JHSF, Augusto Martins, em fevereiro de 2024 foi cumprido à risca ao longo do ano. O grupo com negócios nas áreas financeira, de real estate, varejo, shoppings, hotelaria, gastronomia, aviação e até clubes de surfe, ultrapassou, pela primeira vez, a marca do primeiro bilhão em receita recorrente, alcançando R$ 1,1 bilhão, em uma alta de 21,3% sobre o ano anterior.
A renda recorrente já representa 64% do faturamento total da companhia, que alcançou R$ 1,74 bilhão em 2024. Essa participação é muito próxima à marca estabelecida por Martins de corresponder a dois terços da receita da empresa. E alcançada muito antes do que ele havia planejado. Afinal, quando assumiu, no início de 2024, Martins disse que a meta era chegar a 70% de receita recorrente em 2029.
“É a constatação da estratégia bem-sucedida executada pela companhia e que reflete na boa experiência dos clientes que utilizam nossos negócios de renda recorrente”, diz Martins ao NeoFeed. “O reflexo disso está na performance operacional e no faturamento.”
Considerando todos os segmentos de negócios, o Ebtida anual da JHSF alcançou R$ 1,28 bilhão, 32% acima do número de 2023. A margem da companhia também foi expressiva. Em 2024, a empresa registrou lucro líquido de R$ 861,5 milhões, aumento de 73% sobre o ano anterior. Em renda recorrente, o lucro disparou e cresceu 128%, para R$ 668,4 milhões.
Olhando para frente, o CEO da JHSF enxerga uma avenida de oportunidades. “Mais do que uma visão de trimestre, nossa visão está no foco da perenidade da companhia tanto na renda recorrente quanto na incorporação. E entramos nesse trilho antes do que imaginávamos e de forma consistente”, diz ele.
No ano passado, o crescimento foi observado em todas as verticais da unidade de renda recorrente. Em shoppings, a alta no ano foi de 24,5%, com receita bruta registrada de R$ 369,5 milhões. O lucro líquido chegou a R$ 411,4 milhões em 2024, alta de 137,3%.
As vendas de lojistas cresceram. No Shopping Cidade Jardim, o crescimento foi 20,8%. No Jardins, a alta foi de 29,3% e, no Catarina Fashion Outlet, ampliação de 26,3%. A rentabilidade com aluguéis teve crescimento de 17%. Parte da explicação do aumento do faturamento está justamente na ampliação de lojas, com grandes marcas internacionais.
Somente em 2024, o Cidade Jardim contou com abertura de flagships exclusivos como o restaurante francês L’Avenue, única filial fora de Paris. A joalheira Van Cleef & Arpels é outro exemplo, além de nomes como a italiana Brunello Cucinelli. “Essa curadoria única faz com que nossos shoppings tenham performance destacada”, afirma Martins.
Em meados de 2025, a empresa entrega o Boa Vista Village Town Center, empreendimento que conta com 14 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL), conectado ao complexo Boa Vista, em Porto Feliz (SP).
O CEO também conta que, ainda em 2025, começa a expansão do Shopping Cidade Jardim, com novidades em gastronomia e lojas exclusivas. Os detalhes serão anunciados nas próximas semanas. Ainda está em andamento o projeto do Shops Faria Lima, e que será multiuso.
Com isso, a empresa quer, em até cinco anos, aumentar em 70% a ABL dos centros de compras da JHSF, saltando de 58 mil metros quadrados para perto de 100 mil metros quadrados.
Ainda como destaque em malls, a JHSF transferiu de endereço, em 2024, a Casa Fasano, que representa a primeira fase da Usina SP, um megacomplexo imobiliário, como um hub de escritórios, desenvolvido às margens do Rio Pinheiros, em São Paulo. A terceira fase da Usina SP, com a reforma do prédio da Usina de Traição, será concluída no ano que vem.
Piscina com ondas
Em hospitalidade e gastronomia, a JHSF também concluiu as obras do Boa Vista Surf Lodge Hotel, nova marca operada pela companhia. A unidade hoteleira conta com 60 quartos e vários amenities. “A ocupação dele já é um sucesso”.
Ainda no primeiro semestre a JSFH entrega o São Paulo Surf Club, no complexo Cidade Jardim, em frente à Ponte Estaiada. A piscina com ondas foi aprovada em testes realizados pelo campeão de surf Ítalo Ferreira.

A companhia também anunciou destinos operacionais para unidades do Fasano, como Sardenha e Cascais, que, junto com o de Londres, que ficarão prontos em 2027. O Fasano Miami será entregue no ano que vem.
A receita bruta desta vertical cresceu 6,4% e chegou a R$ 426,8 milhões em 2024. O Ebtida ajustado alcançou R$ 88,1 milhões. O horizonte de crescimento nesse segmento está justamente na expansão de empreendimentos internacionais.
Na vertical aeroporto, o crescimento de receita em 2024 foi de 46,1%, com resultado de R$ 193,4 milhões. No ano passado, ele subiu de nove para 12 hangares, e deve subir para 16 até o fim de 2025. Um terminal doméstico e um internacional também foram entregues no ano passado.
“Temos fila de espera de mais de 100 aviões para utilizar os nossos hangares”, diz Martins. Após cinco anos de operação, ele se tornou o principal aeroporto de aviação executiva em movimentação internacional e o segundo maior em destinos domésticos.
Entre unidades de locação e clubes, a JHSF alcançou área de 113 mil metros quadrados. Em 2024, foram entregues 47 unidades residenciais e já há lista de espera. A receita no segmento chegou a R$ 105,1 milhões, alta de 61,9%, enquanto o Ebtida ajustado registrou alta de 57,1%, com R$ 84,5 milhões.
Um fato observado pelo CEO da JHSF é que a alta representativa do faturamento em renda recorrente vem servindo como alavanca para o aumento na área de incorporação, que no ano passado alcançou marca de R$ 1,1 bilhão em vendas brutas contratadas, somando lotes e produtos imobiliários. O valor é 5,2% acima do que o registrado em 2023.
“Esse crescimento permite que a gente mantenha uma postura responsável e conservadora, de não abrir mão de margem, do preço e da qualidade dos nossos produtos”, diz Martins. Nos próximos trimestres, há um volume da ordem de R$ 859 milhões a serem performados, de acordo com o andamento das obras.
Somando todas as verticais, a JHSF realizou investimentos da ordem de R$ 590 milhões, tanto em obras que foram concluídas como as que estão em andamento. E para sustentar parte desses aportes, a companhia tem também acelerado o volume da JHSF Capital.
Em pouco mais de dois anos de operação, a JHSF Capital atingiu a marca de R$ 2 bilhões sob gestão, entre fundos locais e offshore. “Ela tem uma função muito importante, que é contribuir com a expansão do nosso grupo com investimentos nos projetos”, diz Martins. Fasano Londres e Sardenha são exemplos de projetos que já nasceram com fundos da Capital.
Na terça-feira, 24 de março, a companhia anunciou a captação de R$ 937,5 milhões, por meio de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), o maior montante obtido pela companhia em uma movimentação financeira. O custo médio foi de 102,9% do CDI e prazo médio de 4,5 anos.
“Essa captação entra para melhorar a estrutura de capital, reduzir o custo e alongar o endividamento. A gente substitui dívidas curtas e mais caras por mais longas e mais baratas”, diz o CEO. Em oito meses, a empresa atraiu R$ 2,2 bilhões em captações no mercado.
No acumulado do ano, a ação JHSF3 acumula valorização de 8,24% na B3. A companhia está avaliada em R$ 2,68 bilhões.