Depois de surpreender o mercado, ao anunciar, na última sexta-feira, 3 de março, a aquisição da IC Transportes, especializada em transporte de granéis e fertilizantes, a JSL já prepara o próximo passo, agora no exterior.

Em entrevista ao NeoFeed, o presidente da JSL, Ramon Alcaraz, revela que a empresa de logística do Grupo Simpar se prepara para ampliar sua presença internacional em duas frentes, por meio da Fadel – uma das sete aquisições feitas pela JSL após sua oferta inicial de ações (IPO), em setembro de 202

Um dos destinos é a África, onde a Fadel desembarcou há um ano para atuar com uma empresa do grupo Imbev no mercado de distribuição de bebidas da África do Sul. O fato de a operação no país ter mais que triplicado nesse intervalo levou a empresa a ser sondada por multinacionais para estender sua presença para pelo menos outros dois países do continente.

Ao mesmo tempo, a atuação da Fadel na América Latina, focada no Paraguai e que seria replicada depois na África do Sul, deverá ser ampliada para México e Argentina, mercados mais complexos e desafiadores.

“Quando você se aventura a atravessar o Atlântico e inicia uma operação na África, o mercado começa a te olhar como alternativa”, explica Alcaraz, ao comentar a bem-sucedida experiência do grupo JSL na África do Sul. Dos 50 caminhões e 150 funcionários iniciais, hoje já são 225 caminhões e quase mil profissionais.

“Muitas multinacionais notaram nossa atuação africana e perceberam que, se conseguimos vencer num país com uma cultura tão diferente, podemos ir muito bem no México e Argentina, onde querem nossos serviços.”

Sustentável

Alcaraz afirma que as a expansão africana poderá ser até maior, uma vez que há muitas oportunidades. “Para nós, o mais importante é crescer com uma velocidade que seja sustentável, com eficiência e produtividade”, diz.

Ele afirma que a estratégia da JSL permanece a mesma desde o Simpar Day de 2021, quando foram anunciados planos de longo prazo.

O guidance previa triplicar, em 2025, a receita bruta do período de 12 meses terminado em março de 2021 - o que representaria cerca de R$ 10,8 bilhões de faturamento. "

“Se os resultados do quarto trimestre de 2022 forem anualizados, já podemos dizer que estamos próximos dos R$ 10 bilhões", afirma Alcaraz.

No quarto trimestre de 2022, o lucro líquido ajustado da JSL foi R$ 110 milhões, um avanço de 73,8% frente os R$ 63,3 milhões do último trimestre de 2021. No ano completo, o lucro ficou em R$ 223,5 milhões.

Com a compra da IC – na qual desembolsou R$ 587 milhões –, a JSL adicionou R$ 1,7 bilhão de receita bruta, o que totalizaria um faturamento pro-forma da operação combinada de R$ 8,8 bilhões em 2022.

Alcaraz cita a fórmula de sucesso da JSL. “Nas últimas seis aquisições, incluindo da IC Transportes, usamos uma estratégia semelhante: empresas sadias, bem administradas e independentes; que atuam em segmentos perenes, que não são da moda; e que reforcem nossa presença em área onde atuamos ou pretendemos atuar”, diz.

O executivo admite que 2023 desperta incertezas, marcadas por mudança de governo e uma economia de juros elevados. Mas mantém o otimismo, afirmando que a empresa atua em vários segmentos de logística da chamada economia real – mineração, papel de celulose, alimentos e bebidas, combustíveis e transporte de grãos, todos com forte presença no mercado interno e exportador.

“Difícil imaginar um colapso total. Um segmento pode sofrer mais que o outro, mas acreditamos que vamos navegar bem em 2023”, observa. Ele acrescenta que num cenário de incerteza é que surgem as grandes oportunidades. Mas não adianta se há novos M&As a caminho.

“Temos no pipeline várias oportunidades de crescimento inorgânico e eles vão continuar andando, mas é preciso esperar o tempo de maturação”, diz. “A IC estava na mira há tempos, mas passamos 2022 em branco e fechamos só agora, em 2023.”