Depois de anos trabalhando na construção e expansão de suas verticais de negócios, o foco da Simpar para os próximos três anos está na obtenção de eficiência e rentabilidade de suas operações.

Além de capturar rentabilidade, a holding controladora de Movida e Vamos quer abrir caminho para a redução de sua alavancagem financeira, eventualmente zerando a sua dívida.

“Temos como uma das missões neste período reduzir a dívida da holding”, disse Fernando Simões, CEO da Simpar, na quarta-feira, 22 de novembro, durante evento voltado para investidores, sem informar prazo para quando a dívida pode eventualmente ser zerada.

A holding fechou o terceiro trimestre com uma alavancagem financeira de 3,7 vezes, um aumento de 0,2 vez em relação ao valor reportado no trimestre anterior. A dívida líquida somou R$ 3,8 bilhões no período, enquanto o endividamento consolidado somou R$ 31 bilhões.

Ele destacou que o endividamento foi puxado pelos investimentos em crescimento das companhias, mas que a dívida foi feita de forma planejada, em ativos de alta liquidez, para robustecer as companhias do grupo.

Como parte do plano de redução da dívida, a Simpar está analisando o portfólio, considerando potenciais movimentos estratégicos na holding ou em ativos não-listados, que inclui movimentos de associação ou monetização dos ativos.

Apesar de a alavancagem ser um dos focos para os próximos três anos, os executivos da Simpar destacaram que ela não é motivo de preocupação. Segundo uma simulação apresentada por Denys Ferrez, diretor financeiro da holding, a alavancagem implícita após a venda de ativos seria de 1,9 vez no terceiro trimestre. Excluindo a dívida líquida da holding, ela cai para 1,3 vez.

“Considerando que parte dos investimentos retornam ao caixa da empresa, a alavancagem financeira aparente do negócio fica superestimada”, afirmou Ferrez.

Crescimento sustentável

Junto a essas iniciativas de redução do endividamento está a postura da Simpar de priorizar a eficiência e captura de valor nas companhias nesse próximo ciclo, que vai de 2024 a 2026, com o crescimento sendo consequência ao invés da principal meta.

“As bases da maioria das empresas estão prontas para que cada uma continue seu desenvolvimento”, afirmou Simões. “A escala está construída, estamos bem posicionados.”

Ele afirmou ainda que as empresas estão com estrutura de capital adequada, mas isto não significa que não possa ocorrer injeção de capital caso vejam uma operação que possa gerar valor para as empresas.

Novos movimentos de fusão e aquisição também não estão descartados. “Podem ocorrer aquisições pontuais, mas temos nos transformado organicamente”, afirmou Simões.

A fala foi reverberada por Ramon Alcaraz, CEO da JSL. Na apresentação disponibilizada pela Simpar, a empresa aparece pronta para capturar oportunidades de crescimento, inclusive via movimentos estratégicos, mas o executivo apontou para a cautela.

“Estamos abertos a aquisições, mas não a qualquer preço ou forma”, disse Alcaraz. “Buscamos empresas que estão em atividades complementares a nós.”

Outra empresa que pode capturar oportunidades de crescimento via movimentos estratégicos é a Automob, braço de concessionárias de veículos da Simpar. Nos últimos dois anos, ela realizou sete aquisições e pode realizar mais.

As compras, combinadas por medidas de ganho de eficiência, podem ajudar a Automob a consolidar o mercado, segundo Antonio Cavalcanti, diretor financeiro da Automob. “O grupo com mais de 50 lojas no País são apenas quatro, incluindo nós. Considerando a nossa participação, temos só 0,8% de market share em carros novos”, disse.

Por volta das 14h47, as ações da Simpar subiam 3,82%, a R$ 8,43. No ano, elas acumulam alta de 26,7%, levando o valor de mercado a R$ 7,2 bilhões.