A Simpar não poderia estar mais satisfeita com suas controladas do que neste trimestre. Com a Movida registrando o maior Ebitda de sua história e a Vamos apresentando uma receita líquida 66% superior ao registrado no mesmo período de 2021, a holding deu um salto de patamar em termos de resultados.
No terceiro trimestre, as principais linhas operacionais da Simpar bateram recorde. A receita bruta subiu 73%, para R$ 7,6 bilhões, na comparação com o mesmo período de 2021. Já o Ebitda no trimestre atingiu R$ 1,9 bilhão, alta de 66%, em base anual.
Em termos anualizados, a receita bruta totalizou R$ 30,3 bilhões, praticamente o dobro do visto em 2021, quando a receita bruta fechou o ano em R$ 15,4 bilhões.
Denys Ferrez, diretor financeiro da Simpar, diz que o desempenho no terceiro trimestre mostra uma companhia resiliente e com capacidade de crescimento, com as controladas mantendo seu desempenho operacional, apesar das circunstâncias da economia.
“Como a gente é uma empresa fundamentalmente baseada em contratos, a nossa receita e geração de caixa tem muita resilência”, diz Ferrez ao NeoFeed. “Costumo dizer que é quase como construir um muro, você vai botando um tijolinho em cima do outro e vai crescendo.”
Na Movida, o Ebitda somou R$ 925,3 milhões no terceiro trimestre, 51% maior do que o apurado no mesmo período do ano passado. A maior parte desse valor – R$ 789,1 milhões – veio da parte de locação, que conseguiu elevar o ticket médio dos aluguéis em 44,2%, numa demonstração de que a tese da companhia ganhou tração entre os consumidores.
A aceitação também foi vista na Vamos, como fica demonstrado no chamado backlog, que representa a receita futura contratada. No terceiro trimestre, ele somou R$ 12,6 bilhões, elevação de 103,7% em relação ao mesmo período de 2021 e de 16,6% ante o segundo trimestre.
Além dos bons resultados de ambas, a Simpar também conseguiu capturar ganhos com a JSL, sua empresa mais antiga, que no terceiro trimestre teve o melhor desempenho de sua história, com um aumento de 51% do Ebitda e avanço de 36% da receita bruta, ambos em base anual.
A Simpar conta ainda com empresas menores sob seu guarda-chuva, caso da CS Infra, que atua na parte de concessão de infraestrutura, da Automob, empresa de concessionárias, e a BBC, que presta serviços financeiros.
Ainda que o desempenho operacional das empresas tenha sido positivo, Ferrez destaca que “nem tudo foi festa” no terceiro trimestre.
A Simpar registrou um recuo de 71% do lucro líquido, para R$ 111 milhões. Segundo o diretor financeiro, a companhia foi prejudicada pela linha financeira no trimestre.
“Tem um desafio entre o lucro operacional e o lucro líquido, que é esse novo ambiente de juros, que vem a reboque dessa inflação que vivemos”, afirma. “O CDI médio do terceiro trimestre foi praticamente o triplo do que foi no trimestre anterior.”
Outro ponto de atenção do balanço da Simpar foi a alavancagem financeira. A relação entre a dívida líquida e o Ebitda alcançou 3,5 vezes no terceiro trimestre. O valor representa uma queda ante os 3,6 vezes do segundo trimestre, mas não é um patamar considerado confortável por analistas.
A companhia destacou no balanço que o Ebitda dos últimos 12 meses não reflete integralmente os investimentos realizados no período, da ordem de R$ 13 bilhões, para expansão dos negócios. Ferrez destaca que se for anualizar o Ebitda do terceiro trimestre, a alavancagem seria de 3,1 vezes.
“É o que a gente apelidou de running rate para mostrar que, se ficarmos no tamanho que estamos, a alavancagem é de 3,1 vezes”, afirma o diretor financeiro. “A questão é que o crescimento é discricionário, e aí a gente vai fazendo [investimentos], quando temos oportunidades, em benefício dos negócios que estamos inseridos.”
Mesmo assim, ele diz que o grupo está comprometido em trazer a alavancagem gradualmente para baixo, medida contra o fechamento do ano anterior. No caso, para 3,4 vezes. “Todas as empresas têm feito seu dever de casa, com disciplina de alocação de capital, na busca por mais produtividade”, afirma Ferrez.
As ações da Simpar fecharam o pregão desta quarta-feira, dia 9 de novembro, com queda de 5,87%, a R$ 9,94. No ano, elas acumulam queda de 10,7%, levando o valor de mercado para R$ 8,6 bilhões.