Em um dos maiores negócios já fechados por um artista com menos de 70 anos, o cantor e compositor canadense Justin Bieber vendeu por US$ 200 milhões todos os direitos autorais de seu catálogo para o Hipgnosis Song Capital, fundo apoiado pela empresa americana de private equity Blackstone.

O acordo abrange 290 títulos lançados até 31 de dezembro de 2021, o que inclui, além de Baby, os sucessos Sorry e Love Yourself. A Universal Music mantem a posse dos direitos de gravação das canções, bem como a gerência do catálogo. Todos os seis álbuns de estúdio de Bieber venderam, cada um, mais de um milhão de cópias.

“Com apenas 28 anos de idade, Justin Bieber é um dos artistas que, na era do streaming, revitalizaram toda a indústria da música, levando com ele uma audiência leal e de abrangência mundial”, diz Merck Mercuriadis, fundador do Hipgnosis e ex-empresário de artistas como Elton John, Guns N’Roses, Morrissey e Pet Shop Boys. “Seu impacto na cultura global é realmente notável.”

Além dos 150 milhões de discos vendidos, o astro pop tem cerca de 82 milhões de ouvintes mensais e 32 bilhões de streams, apenas no Spotify. Sua fortuna está avaliada em US$ 300 milhões.

A ideia do negócio partiu do próprio Bieber. O ano de 2022 não foi fácil para o artista. Depois de adir repetidamente a turnê Justice World Tour, em junho, ele anunciou ser portador da síndrome de Ramsay Hunt, distúrbio neurológico raro, causado por infecção viral e que pode levar à paralisia facial e perda de audição, entre outros sintomas. Ele até tentou voltar aos palcos, mas, em setembro, se recolheu em casa, alegando exaustão.

O acordo fechado entre a Hipgnosis e Bieber é revelador do interesse crescente dos investidores pelos direitos autorais de músicas. Criado em 2021, com US$ 1 bilhão da Blackstone, o fundo tem um portfólio avaliado em pouco mais de US$ 8 bilhões.

Mercuriadis já comprou os direitos de Neil Young, Shakira e John Newman. Entre os negócios mais recentes fechados pelo fundo estão 278 músicas de Leonardo Cohen, por valor não revelado, em março do ano passado. E o catálogo de Justin Timberlake, por US$ 100 milhões, dois meses depois.

Outro exemplo das investidas de Wall Street? Em 2016, a maior gestora do mundo, a BlackRock, em 2016, desembolsou US$ 300 milhões, no Primary Wave. Fundado naquele ano, pelo veterano do setor Larry Mestel, ex-Virgin Records, na segunda rodada de investimentos, em 2019, o fundo captou mais US$ 500 milhões. O Primary Wave tem os direitos autorais de Ray Charles, Bob Marley e Whitney Houston.

A Warner comprou os direitos de David Bowie por US$ 250 milhões. A aquisição de dois catálogos de Bruce Springsteen pela Sony Music movimentou meio bilhão de dólares. No de Bob Dylan, a empresa desembolsou US$ 150 milhões. E por aí vai, Pink Floyd, Fleetwood Mac, Stevie Nicks, U2, Beyoncé, Paul McCartney, Adele, Stevie Wonder...

Os royalties musicais estão entre os ativos alternativos que mais crescem no mundo. O mercado global, nos cálculos do Goldman Sachs, deve atingir US$ 153 bilhões até 2030.

Conforme relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês), a ascensão é puxada pelo streaming. O relatório IFPI’s Global Music Report 2022, indica que as receitas do setor, entre 2020 e 2021, por exemplo, saltaram de US$ 13,6 bilhões para quase US$ 17 bilhões.