Falecido em 10 de janeiro de 2016, aos 69 anos, dois dias depois de lançar “Blackstar”, David Bowie ainda é capaz de ser o centro das atenções. Foi assim no início deste ano, quando duas gravações inéditas da sua lavra foram lançadas e suas músicas chegaram ao TikTok.

O nome do cantor e compositor inglês voltou a ser notícia em setembro, com o anúncio do lançamento do álbum inédito Troy, programado para 26 de novembro. O disco foi gravado há 20 anos e fará parte de uma caixa especial intitulada “David Bowie 5: Brilliant Adventure”.

Agora, Bowie está, novamente, sob os holofotes. Ou melhor, no centro de uma disputa de investidores dispostos a desembolsar uma exorbitância para adquirir os direitos sobre o seu amplo catálogo de composições.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, a negociação, que está sendo conduzida pelos administradores do espólio do cantor, já atraiu ofertas na casa de US$ 200 milhões. Com o estágio avançado das conversas, um acordo deve ser anunciado nas próximas semanas.

O catálogo inclui composições distribuídas em 27 álbuns gravados pelo cantor em cinco décadas de carreira, levando-se em conta apenas os discos de estúdio. Entre eles, clássicos como The Rise and Fall of Ziggy Stardust, além de títulos como Heroes e Let’s Dance.

Também em setembro, Bowie já tinha sido protagonista de outro acordo, quando a Warner Music fechou o licenciamento de todo o catálogo de discos do cantor. O grupo já detinha os direitos sobre os lançamentos realizados entre 1968 e 1999. E estendeu ao período compreendido entre 2000 e 2016.

O interesse pela obra de Bowie é mais um exemplo de como os direitos autorais de música vêm se consolidando cada vez mais como uma opção atrativa de investimento.

Na outra ponta dessas negociações, além das gravadoras, figuram fundos especializados e grupos de private equity, que veem nesses ativos a possibilidade de gerar receitas milionárias por décadas, seja em rádio, filmes ou, especialmente, em serviços de streaming.

Outros nomes de peso na música já venderam os direitos sobre seus catálogos. Bob Dylan, por exemplo, embolsou US$ 300 milhões por mais de 600 músicas da sua lavra, incluindo clássicos como Blowin’ in the Wind e Like a Rolling Stone.

Em janeiro deste ano, a gravadora BMG fechou a compra dos direitos autorais de Mick Fletwood, da banda Fleetwood Mac, em mais de 300 gravações. Outros integrantes do grupo também embarcaram nessa onda.

A cantora e compositora Stevie Nicks vendeu uma fatia de 80% dos seus direitos autorais por US$ 80 milhões para o fundo Primary Wave. Já o guitarrista Lindsey Buckingham vendeu 100% de seus direitos autorais para o Hipgnosis Fund.

Fundado em 2016, por Larry Mestel, um ex-executivo do alto escalão da Virgin Records, o Primary Wave tem US$ 1,5 bilhão sob gestão e um catálogo com hits de artistas como Ray Charles, Bob Marley e Whitney Houston.

Já o Hipgnosis Fund, criado por Merck Mercuriadis, ex-manager do Guns N’Roses, tem um portfólio avaliado em US$ 8,1 bilhões, com catálogo de músicas de nomes como Neil Young e Shakira, cantora colombiana que vendeu o direito de 145 canções por cerca de US$ 300 milhões.