Uma vez por mês, a sede da gestora de venture capital Canary, em São Paulo, é ocupada por oito desenvolvedores e mais três sócios da Reinvent, a primeira assessoria de investimentos baseada em inteligência artificial do mercado brasileiro.
O fundo de VC foi âncora na primeira captação realizada pela Reinvent, de US$ 1 milhão. O seed money tem ajudado a consolidar a plataforma e investir no crescimento do negócio.
“A ideia é fazer uma rodada subsequente no quarto trimestre”, diz Laio Santos, CEO da plataforma, ao NeoFeed.
Criada e idealizada por Santos, ex-CEO da Rico, junto com os sócios Luis Souza e Heucles Pelegia (ambos ex-XP), a Reinvent tenta resolver muitas das dores vividas por eles em mais de uma década no ambiente de assessoria de investimentos. A principal delas é o desperdício de tempo dos profissionais com temas que não são ligados à estratégia de alocação.
Ao contrário dos robôs advisory, que usam algoritmos para criar e balancear carteiras de investimentos com a mínima intervenção humana, a proposta da Reinvent é combinar a inteligência artificial generativa com a experiência humana.
“Os bancos são um bom lugar para guardar dinheiro, mas não são o lugar para ter dicas de finanças para o futuro”, diz Santos. “A Reinvent é uma empresa de tecnologia com assessores de investimentos que utilizam a inteligência artificial.”
A disrupção tech que vem impactando a gestão financeira e questionando a capacidade de diferenciação e geração de valores dos gestores de investimentos pode ser uma aliada da assessoria de investimentos. De que maneira? Na diminuição das burocracias.
Laio Santos calcula que um assessor de investimentos “tradicional” gasta atualmente, em média, 70% do tempo com temas não ligados à estratégia de alocação, como relatórios, leitura e cruzamento de dados para encontrar oportunidades, etc.
Ao automatizar esses processos com inteligência artificial, esse profissional passa a ser mais produtivo e, principalmente, ter uma experiência mais próxima com o cliente.
E como isso se traduz em números? Se um assessor “tradicional” consegue atender entre 80 e 100 clientes, com a inteligência artificial, a Reinvent calcula ser possível atender 300 contas.
“Toda a tecnologia permite fazer um atendimento private, próximo e personalizado para clientes não milionários”, diz o CEO da Reinvent.
Com menos de um mês desde o lançamento, a Reinvent, plugada à XP, tem um assessor de investimentos, 100 clientes e R$ 30 milhões sob custódia. Há uma lista de espera com cerca de 200 clientes que estão sendo embarcados aos poucos - em média 10 por semana.
A empresa está em conversa com outros dois assessores para chegar na meta de 1.000 clientes e ter entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões sob custódia no fim deste ano.
O tíquete mínimo para entrada na Reinvent é de R$ 100 mil e o modelo adotado é o fee-based, com taxa de 0,7% - o mercado tem ficado entre 0,8% e 1,2%, mas para tíquetes acima de R$ 500 mil.
Neste momento em que o mercado discute qual é o melhor modelo a ser adotado, a Reinvent já escolheu uma posição. Desde a sua criação, em 2017, a Warren indicou que seguiria o caminho do fee-based, assim como outras casas fizeram mais recentemente.
“Não vai ter conflito de assessor empurrando produto por causa de rebate ou comissão. Ele vai conseguir olhar para o planejamento financeiro de longo prazo. Queremos aqui ter uma longa relação com o cliente”, afirma Santos.