Em fevereiro deste ano, a renúncia do CEO Adalberto Pereira Santos deu início a mais um episódio da crise que afeta a Marisa há mais de dez anos. Na sequência, houve baixas também no Conselho de Administração, com a saída, entre outros membros, do presidente do colegiado, Marcelo Martinelli.

Desde então, a varejista de moda vem tentando emitir, ainda sem sucesso, sinais positivos ao mercado. Para isso, contratou a consultoria BR Partners, para assessorar na renegociação de suas dívidas, e a consultoria Galeazzi para melhorar a estrutura de custos da sua operação.

Um novo passo nessa direção foi dado nessa quarta-feira, 3 de maio. A Marisa informou que seu Conselho de Administração aprovou uma série de propostas, o que inclui a reorganização de comitês e da sua diretoria executiva.

Ao mesmo tempo, o board deu o sinal verde para um Programa de Otimização de Despesas Gerais e Administrativas, que será implantado em paralelo ao Programa de Eficiência Operacional já em curso na rede. A meta é atingir a redução de aproximadamente R$ 50 milhões em base anual.

No fato relevante, a companhia ressaltou que, para avançar em sua reestruturação e cumprir com as expectativas dos acionistas, precisa remodelar sua cultura para ser mais eficiente.

“Para gerarmos resultados sustentáveis, temos que ter a coragem de abandonar modelos de gestão e governança tradicionais, frágeis e hierarquizados”, informou, no documento, João Pinheiro Nogueira Batista, presidente e diretor de relações com investidores da Marisa.

Uma das iniciativas para materializar esse discurso será a fusão dos comitês de estratégia e de finanças, que assessoram o Conselho de Administração. O novo comitê de Estratégia, Turnaround e Finanças será coordenado por Luiz Paulo Rosenberg, eleito membro independente do board em fevereiro.

Outra medida é a instauração de um comitê exclusivamente dedicado ao acompanhamento do MBank, a financeira digital da varejista. Já o Comitê de Pessoas e Sustentabilidade será coordenado por Marcio Goldfarb.

Fora do âmbito do board, a Marisa eliminou o cargo de vice-presidente e decidiu separar sua área comercial da área de operações. Nesse novo desenho, a primeira responderá por frentes como precificação e planejamento de vendas, incluindo marketing, compras e canal digital.

Batizada de Diretoria Executiva de Operações e Tecnologia, a nova área de operações, por sua vez, será responsável pela execução das vendas nas lojas e vai incorporar as áreas de logística, engenharia e tecnologia.

Essa diretoria será comandada por Alexandre Abreu de Andrade, executivo com passagens por empresas como Itaú Unibanco, Santander, Vivo e Ânima Educação. E que passou a integrar o time da Marisa em julho de 2021, liderando a área de data analytics e CRM.

Além dessas mudanças em seu organograma, um dos componentes no centro da reestruturação da varejista é o fechamento de lojas. Em reportagem publicada no fim de março, o NeoFeed apurou que a empresa pode fechar, pelo menos, 80 unidades, ou 25% da sua rede atual de 334 pontos de venda.

As ações da Marisa acumulam uma desvalorização de 50,4% em 2023. A varejista está avaliada em R$ 212,4 milhões.