As ações da VTEX estão cumprindo um rali no pregão desta quarta-feira, 28 de fevereiro, na Bolsa de Nova York. O impulso veio da divulgação, na noite anterior, do resultado da companhia brasileira de plataformas de e-commerce no quarto trimestre e no ano de 2023.

Nessa trilha, os papéis chegaram a ser negociados com altas superiores a 10% pela manhã e no início da tarde de hoje. E, por volta das 15h21 (horário local), subiam 9,18%, cotadas a US$ 8,44, dando à empresa um valor de mercado de US$ 1,57 bilhão.

A cifra, porém, ainda está bem distante do preço fixado no IPO da companhia, em junho de 2021, de US$ 19. Mas, somada a outros elementos – as ações têm alta de 22,6%, em 2024, e de 122,6%, em doze meses -, indica que a recuperação da VTEX, na visão dos investidores, está longe de ser um mero sprint.

Uma prova desse fôlego foi dada hoje em um relatório do Bank of America (BofA), reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo da ação, de US$ 12 para US$ 13. Com um detalhe: a mudança vem apenas um mês depois de o banco revisar a projeção de US$ 8,50 para US$ 12.

“Atualizamos nossas estimativas para a VTEX com os resultados do quarto trimestre e elevamos o preço-alvo ao incorporarmos receitas ligeiramente maiores para 2024, o que também deve levar a uma maior expansão da margem Ebtida, alcançando 14% no ano”, escreveu o time liderado por Fred Mendes.

Entre outros dados do balanço divulgado na terça-feira, os analistas ressaltaram o crescimento de 33,4% na receita trimestral, para US$ 60,7 milhões, e a margem Ebitda de 20% no período, ante uma projeção de 16% do BofA, que destacou o fato de a VTEX estar conseguindo combinar crescimento elevado e uma “clara alavancagem operacional”.

“Como referência, tanto o Ebitda quanto a receita ficaram acima das nossas estimativas em US$ 2,6 milhões, mostrando que a receita extra não trouxe nenhum custo extra”, observou o banco, em outro trecho do relatório.

Nesse contexto, os analistas do BofA ressaltaram que o guidance que acompanhou o balanço trouxe, como esperado, projeções mais cautelosas e abaixo das estimativas do banco. Entre elas, a de uma receita entre US$ 234 milhões e US$ 243 milhões em 2024.

“Nós entendemos que a VTEX pode estar adotando uma abordagem mais conservadora dado o ambiente macro incerto. No geral, vemos uma recuperação sequencial do comércio eletrônico em 2024 e acreditamos que há um potencial de upside nesses números”, acrescentou o banco.

A combinação de resultados fortes, com “margens excelentes e que dão mais confiança no longo prazo”, com um guidance mais comedido também foi destacada pelo Itaú BBA. Em relatório, o banco ressaltou que, à primeira vista, essa mescla trouxe “sentimentos contraditórios” e gerou preocupações.

Em um segundo momento, porém, após a call dos resultados com analistas, o Itaú BBA ponderou que as explicações dadas pela empresa para essas projeções – entre elas, o fato de o guidance ter sido impactado pela desvalorização do peso argentino – foram suficientes para reduzir o sinal de alerta.

“Se somarmos a isso as premissas da VTEX de ventos macro contrários no Brasil, acreditamos que o guidance poderia ter sido de 200 a 300 base points mais alto, acima, potencialmente, até mesmo das expectativas. Essas explicações são suficientes para dizer que a história principal permanece clara”, escreveram os analistas do Itaú BBA.

Com recomendação outperform (acima da média do mercado) e preço-alvo de US$ 9 para a ação, o banco também viu como positivo o fato de a VTEX ter divulgado, pela primeira vez, um guidance de margem, “definitivamente positivo”, o que, em sua visão, traz mais confiança na história de lucratividade da companhia.

“Resumindo, já escrevemos diversas vezes que falta um verdadeiro caso de investimento em uma grande companhia de software para empresas na América Latina. E a VTEX preenche essa lacuna muito bem”, acrescentou o time do Itaú BBA.