Em mais um trimestre de recordes, o BTG Pactual teve lucro líquido de R$ 2,1 bilhões no segundo trimestre deste ano, um resultado que é 23,2% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Para os próximos períodos, as perspectivas são positivas, ainda que um cenário de indefinição fiscal possa trazer alguma incerteza. Em entrevista realizada nesta terça-feira, 9 de agosto, Renato Cohn, CFO do BTG Pactual, mostrou otimismo em relação ao crescimento das operações do banco, principalmente na renda fixa, e disse esperar um mercado preparado para qualquer um dos cenários políticos.
Segundo Cohn, o segundo trimestre trouxe um movimento mais forte de “clientes ajudando a financiar o crescimento das empresas” através de títulos como CRAs e CRIs e debêntures. “A gente já teve um volume maior de transações de renda fixa no mercado de capitais no segundo trimestre ante o primeiro. Estamos confiantes no mercado de distribuição de renda fixa”, disse o CFO.
Em relação a IPOs, o BTG não espera grandes movimentos nos próximos trimestres. “Dificilmente vai ter um volume relevante no terceiro trimestre. E no quarto trimestre ainda é difícil de prever, mas não vejo uma grande perspectiva”, afirmou Cohn. “Vamos ver se, após o resultado das eleições, o mercado volta a abrir.”
O executivo também afirmou que o banco esteve envolvido nas principais ofertas do mercado no último trimestre e citou o caso da Eletrobras como o mais relevante do período. Em junho, a companhia levantou R$ 33,7 bilhões em uma megaoferta de ações por conta do processo de privatização.
Pelo movimento mais tímido em relação aos IPOs, Cohn afirma que espera um volume maior de fusões e aquisições. “São operações que demoram mais para acontecer. Devemos ver isso acontecendo ao longo dos próximos trimestres”, afirmou.
Já sobre a concessão de crédito para empresas, Cohn afirmou que o BTG tem “um espaço bastante grande para continuar crescendo”. Chamada de Corporate & SME Lending, a área de crédito do banco é voltada para operações de atacado e de pequenos e médios negócios e registrou resultados de R$ 877,5 milhões no trimestre (alta de 7,5% na comparação anual).
Cohn também comentou sobre o cenário macroeconômico. Na opinião do executivo, o mercado não espera um grande evento disruptivo por conta da vitória de qualquer um dos candidatos à presidência da república nas próximas eleições. “Os preços estão bem ajustados para qualquer um dos cenários”, disse.
Isso se deve em parte a atuação do Banco Central. Em especial, o aumento da taxa de juros, algo que está sendo feito também por outros bancos centrais ao redor do mundo. A expectativa do BTG é que apenas em 2023 seja possível ter uma maior visibilidade dos movimentos de política econômica.
A indefinição sobre as políticas fiscais que serão adotadas no próximo governo também atrapalham na hora de prever cenários macroeconômicos. Um exemplo é a redução tributária no setor de combustíveis.
“Fica a dúvida sobre como essa desoneração vai se comportar em 2023. Se voltar com uma carga semelhante de impostos nos combustíveis, terá uma alta na inflação”, disse Cohn.
Resultados financeiros
Em geral, o BTG Pactual registrou um trimestre positivo em sua operação. Além do recorde no lucro líquido, a receita do banco também atingiu um patamar histórico chegando a R$ 4,5 bilhões. A cifra representa um aumento de 19,7% em relação a obtida no mesmo trimestre de 2021 e alta de 3,7% ante o primeiro trimestre deste ano.
Outro indicador de destaque foi o patrimônio líquido, que ficou em R$ 41,4 bilhões no segundo trimestre, alta de 18% ante o ano passado e de 5,2% em relação ao trimestre anterior. Já o retorno sobre o patrimônio ajustado chegou a 21,6%, 6 pontos percentuais a mais na comparação anual e 0,1 ponto percentual maior na relação trimestral.
Em relação às captações, o BTG obteve R$ 71 bilhões em novos recursos (new net money). Assim, o portfólio expandido do banco terminou o trimestre com saldo de R$ 132,7 bilhões, alta de 35,8% no ano a ano.
Vale destacar ainda a área de investment banking. Neste caso, por uma tentativa de recuperação. O segmento registrou receita de R$ 485,3 milhões no segundo trimestre, cifra que é 38,3% maior do que a obtida pelo banco nos primeiros três meses do ano. Ainda assim, o montante é 29% menor do que o obtido no segundo trimestre de 2021, quando o mercado estava mais aquecido.
No mercado, as ações sob o tíquete BPAC11.SA terminaram esta terça-feira com queda de quase 2,1%. No ano, as ações já subiram 20,6%. O valor de mercado do BTG Pactual é pouco superior a R$ 82 bilhões.