Conhecida por diversificar sua produção por meio de várias operações na América do Sul, a Minerva está ampliando esse mapa, ao costurar uma transação bilionária - e improvável - com outro grande nome do setor.
Em fato relevante divulgado na noite desta segunda-feira, 28 de agosto, a companhia anunciou a compra de 16 unidades de abate de bovinos e ovinos da também brasileira Marfrig distribuídos em quatro países da região: Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
A Minerva vai desembolsar um total de R$ 7,5 bilhões na compra desses ativos. Como parte dos termos fechados entre as duas partes, na data de hoje, a empresa fez o pagamento de um sinal à Marfrig no valor de R$ 1,5 bilhão.
Segundo a empresa, os R$ 6 bilhões restantes serão pagos quando o negócio for concluído. Em relação a essas parcelas remanescentes, o grupo acrescentou que conta com um compromisso de financiamento firme por parte do J.P. Morgan.
Apesar de improvável, o negócio mostra a intrincada de teia de acionistas no setor frigorífico. O Salic, fundo soberano da Arábia Saudita, é sócio de longa data da Minerva, com 30,55% do capital.
Ao mesmo tempo, o Salic se tornou sócio da BRF no follow on que captou R$ 5,4 bilhões, em junho deste ano, ficando com uma fatia de 10,7% da companhia. Não custa lembrar: o controladora da BRF e do Marfrig, que acaba vender seus ativos da América do Sul para a Minerva, é o empresário Marcos Molina.
Pelo acordo, o pacote de ativos inclui também unidades nos estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Rondônia. Já em solo argentino, a aquisição envolve unidade de abate de bovinos de Villa Mercedes.
Outras três plantas de produção estão localizadas no Uruguai, nas cidades de Colônia, Salto e San José. A lista é complementada pela unidade chilena de abate de ovinos localizada na Patagônia.
No fato relevante, a Minerva informou que, a partir dessas aquisições, passará a ter uma capacidade total de abate de bovinos de 42,4 mil cabeças por dia. O Brasil responderá por 52,6% desse volume total, por meio de 21 plantas.
Com seis unidades, a Argentina terá uma participação de 14,1% da capacidade total de bovinos. A operação inclui ainda plantas de abate de bovinos no Uruguai, no Paraguai e na Colômbia, somando, no total, 40 estruturas.
Já no que diz respeito à produção de ovinos, com o acordo, a Minerva salta para uma capacidade de 25,7 mil cabeças por dia, distribuídas em cinco plantas localizadas no Chile e na Austrália.
A receita bruta das operações da Minerva na América do Sul somou R$ 3,2 bilhões no segundo trimestre, montante que representou 41,5% em relação ao faturamento total da empresa no período.
Em apresentação que fará aos investidores sobre a operação, a Marfrig, por sua vez, informa que a venda faz parte de um processo de “racionalização das operações da América do Sul”, com permanência em complexos industriais “com maior escala e de maior relevância”.
A empresa ressaltou ainda que a alienação dos ativos se insere na estratégia de aumentar a participação de produtos de valor agregado, “com marcas fortes e que apresentam margens maiores e mais resilientes”.
As ações da Minerva fecharam o pregão de hoje com alta de 4,21%, a R$ 10,90. No ano, elas registram queda de 15,9%, levando o valor de mercado a R$ 6,3 bilhões.
Já os papéis da Marfrig terminaram o dia com avanço de 3,54%, a R$ 6,73. Com as ações acumulando uma queda de 22,6% em 2023, o valor de mercado soma R$ 4,4 bilhões.