A morte de Charlie Munger, aos 99 anos, voltou a trazer à tona a questão da sucessão na Berkshire Hathaway, uma vez que Warren Buffett está com 93 anos e admitiu recentemente que “está jogando a prorrogação”.
Mesmo estando no jogo, e sem indicar que vai deixar o comando tão cedo, Buffett já deu algumas sinalizações ao longo dos anos de que seu sucessor no comando da gestora será Greg Abel, vice-presidente que lidera todas as operações não relacionadas à área de seguros da gestora.
A escolha de Abel foi primeiro aventada em 2021, durante o encontro anual da Berkshire Hathaway. “Greg manterá a cultura”, disse Munger, na ocasião. A revelação, feita durante uma pergunta sobre os desafios de manter a cultura da empresa sob um modelo de gestão decentralizada, foi confirmada pelo próprio Buffett.
“Os diretores concordam que, se algo acontecesse comigo esta noite, seria Greg quem assumiria amanhã de manhã”, disse o megainvestidor em entrevista à CNBC em 2021.
Buffett emendou a afirmação com elogios a Abel e também a Ajit Jain, vice-presidente responsável pelas operações de seguros. “Se, Deus me livre, algo acontecesse a Greg esta noite, então seria Ajit”, afirmou.
Com 61 anos, Abel começou a ficar próximo de Buffett quando a Berkshire Hathaway comprou o controle da companhia de energia MidAmerican Energy, em 1999, onde era um executivo. Ele assumiu o controle da empresa em 2008, que foi renomeada Berkshire Hathaway Energy em 2014.
Abel foi CEO da Berkshire Hathaway Energy por duas décadas, deixando o cargo em 2018, permanecendo como presidente do conselho de administração. No mesmo ano, ele assumiu um assento no conselho da gestora e foi nomeado como vice-presidente das operações não relacionadas à área de seguros.
Apesar do nome de Abel ter sido apontado há dois anos, o processo de escolha do novo comandante da Berkshire Hathaway vem sendo planejado desde 2006, quando Buffett, então com 75 anos, afirmou que a empresa estava preparada para a sua saída, segundo a agência de notícias Reuters.
Além de quererem saber quem assumirá no lugar de Buffett, os investidores também estão de olho na composição do conselho da Berkshire Hathaway, entendendo que ele precisa ser renovado, considerando a idade avançada de muitos conselheiros.
Antes da morte de Munger, a média da idade do conselho da gestora era de 70 anos, com o mandato médio de um conselheiro sendo de 16 anos, de acordo com levantamento da ISS, assessoria americana que elabora recomendações de votos a acionistas citado em reportagem do jornal The Wall Street Journal.
Nos últimos dois anos, três executivos de longa data da Berkshire Hathaway e confidentes próximos de Buffett morreram com idades acima de 90 anos.
Walter Scott, diretor desde 1988, faleceu em setembro de 2021, aos 90 anos. Thomas Murphy, que deixou o conselho em fevereiro de 2022, morreu, em maio do mesmo ano, aos 96 anos. David Gottesman também tinha 96 anos quando faleceu, em setembro de 2022.