Grupo brasileiro de infraestrutura de mobilidade, a Motiva (ex-CCR) anunciou na noite de terça-feira, 18 de novembro, a venda de 100% da sua operação de 20 aeroportos, como parte de uma negociação que já vinha em andamento há alguns meses, mas cuja conclusão era aguardada, de fato, para 2026.
O acordo foi fechado com a Aeropuerto de Cancún S.A de C.V, uma subsidiária do Grupo Aeroportuario del Sureste (ASUR), que opera nove aeroportos no México e outros sete na América Latina. A transação envolveu o valor total de R$ 11,5 bilhões.
Dentro desse montante, R$ 5 bilhões são em equity pelas participações acionárias detidas pela Motiva nesses ativos. Os R$ 6,5 bilhões restantes se referem à alienação de 100% das ações detidas pela companhia na CPC Holding, veículo que consolida suas cotas nos 20 aeroportos, sendo 17 deles no Brasil.
De acordo com a empresa, o processo competitivo internacional, que foi anunciado em maio deste ano, atraiu o interesse de mais de 20 grupos europeus, latino-americanos e asiáticos, superando as expectativas da companhia.
A Motiva prevê que a venda seja concluída em 2026, após a aprovação dos órgãos reguladores e de concorrência. Até lá, a empresa seguirá liderando a operação, mantendo o quadro atual de funcionários e assegurando o cumprimento integral dos contratos vigentes e investimentos previstos.
A presente Transação está alinhada com o Plano Estratégico da Motiva, viabilizando destravamento de valor e simplificação do seu portfólio, e conferindo maior flexibilidade estratégica para um crescimento rentável e seletivo nos segmentos de rodovias e trilhos no Brasil.
A Motiva contou com assessoria financeira do Lazard e do Itaú BBA e assessoria jurídica do Pinheiro Neto Advogados na Transação.
No comunicado, a empresa ressaltou que o desinvestimento marca mais um avanço em sua estratégia de simplificação do portfólio, anunciada em seu plano estratégico Ambição 2035, que tem como motores o crescimento “rentável, seletivo e sinérgico” e de seus negócios e a eficiência operacional.
“Ao avançarmos na reciclagem de capital e simplificarmos o nosso portfólio, ampliamos a nossa capacidade de investimento nos segmentos estratégicos para nossa companhia, em especial de rodovias e trilhos”, afirmou, na nota, Miguel Setas, CEO da Motiva.
A empresa destacou que os recursos da operação serão utilizados para a redução do endividamento da holding. O grupo fechou o terceiro trimestre com uma dívida líquida de R$ 5,6 bilhões, contra R$ 3,6 bilhões um ano antes. Nessa mesma base, a alavancagem saiu de 3,1 vezes para 3,6 vezes.
Segundo a companhia, com a conclusão do negócio, a alavancagem consolidada cairia para menos de 3 vezes, o que ampliaria sua capacidade financeira para fazer frente ao pipeline de R$ 160 bilhões em oportunidades mapeadas para os próximos anos em concessões rodoviárias, de trens e metrôs no Brasil.
Nos 12 meses encerrados em setembro de 2025, a Motiva Aeroportos, operação alvo da transação anunciada hoje, apurou uma receita líquida de R$ 2,96 bilhões e um Ebitda de R$ 1,52 bilhão, com margem de 51%.
O desinvestimento, por sua vez, dá sequência a outras movimentações feitas pelo grupo desde 2023. Esse pacote incluiu, por exemplo, a desmobilização da operação de Barcas (RJ) e a otimização contratual da BR-163/MS, hoje Motiva Pantanal.
As ações da Motiva encerraram o pregão de terça, 18, com ligeira queda de 0,06%, cotadas a R$ 15,90, dando à empresa um valor de mercado de R$ 31,9 bilhões.