Durante 2024, a Multiplan não economizou na ampliação e modernização de seus shopping centers. No ano, os investimentos da companhia totalizaram R$ 911 milhões, o que representou um crescimento de 53% sobre o valor aportado um ano antes na operação.

Boa parte dessa cifra foi aplicada nas expansões do DiamondMall, em Belo Horizonte, e do ParkShopping Barigüi, em Curitiba. Outra parcela teve como destino as revitalizações de 19 shoppings, que somaram R$ 346,6 milhões, quase o triplo de 2023. Para 2025, porém, o grupo está reduzindo o seu apetite.

“A nossa projeção é que, daqui para frente, nosso capex seja cada vez menor”, disse Eduardo Peres, CEO da Multiplan, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira, 25 de abril. “Não quero dar uma ordem de grandeza, mas a expectativa é de que, em 2025, ele seja menos de um terço do que foi em 2024.”

Segundo o executivo, essa redução se explica, em boa medida, pelo fato de que a agenda agressiva de revitalizações empreendida recentemente pela companhia ficou para trás. Agora, a perspectiva é de um forte decréscimo nessa frente.

“Nós já fizemos, de fato, o que precisava ser feito. Não é um lugar onde vamos seguir pintando de ouro porque há uma coisa de outro mundo”, afirmou. “Existe o bom e o eficaz para levar o shopping para o patamar que queremos. E estamos muito próximos dele.”

Já no que diz respeito às expansões, a expectativa é de manutenção do capex. Nessa área, a empresa tem projetos em curso – BarraShopping, MorumbiShopping e PátioSavassi – que, juntos, vão adicionar 27 mil metros quadrados de área bruta locável ao grupo.

Se a Multiplan prevê diminuir o capex em seus empreendimentos em 2025 pelo fato de entender que já cumpriu uma boa parcela dessa jornada, em M&As, a empresa também se mostra, a princípio, mais comedida. Mas nesse espaço, por outros motivos.

“Tenho visto conversas sobre fatias em shoppings em locais muito piores que os nossos e com caps muito baixos. Não me vejo comprando nesses preços”, disse o CEO. “E, vender, não temos necessidade. Mas pode acontecer se realmente houver uma oferta de algo que não for relevante para o grupo.”

Nesse ponto, ele também fez referência ao acordo fechado em 2024 com o Ontario Teachers Pension Plan para a recompra de pouco mais de 90 milhões de ações da companhia, numa transação de R$ 2 bilhões. No ano, o grupo recomprou um total de 94,9 milhões de ações, o maior volume da sua história.

“É importante lembrar que a empresa fez um movimento bastante importante e grande para o mercado como um todo”, afirmou Peres aos analistas. “Nós compramos 15% da própria companhia, e com um cap de 12%. E eu não me arrependo em nenhum segundo disso.”

O CEO fez a ressalva, porém, de que esse movimento trouxe um peso maior ao endividamento da companhia, que encerrou o primeiro trimestre de 2025 com uma dívida líquida de R$ 4,23 bilhões e um alavancagem de 2,28 vezes, contra 1,32 vez um ano antes.

“É um novo equilíbrio, tanto que nosso lucro foi menor por conta do custo financeiro”, observou. “Então, a atitude é sempre de ficar mais seletivo no que vamos investir. Tem muita coisa no mercado, mas não estamos animados. Pretendemos seguir assim.”

Em contrapartida, Peres se mostrou otimista quando questionado sobre os eventuais impactos da elevação da taxa de juros para os lojistas e para os consumidores. E reservou tempo para um comentário sobre as tarifas que vem sendo impostas por Donald Trump nos Estados Unidos.

“Meu sentimento, tanto para a venda como para a locação é muito bom. Tivemos uma Páscoa forte e seguimos vendo procura por espaço tanto de lojistas locais como internacionais”, disse. “Acho, inclusive que com esse problema das tarifas, muitos vão deixar os EUA de lado para crescer em outros lugares.”

Queda no lucro

A Multiplan encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um lucro líquido de R$ 234 milhões, o que representou uma queda de 12,4% em relação ao número reportado na última linha do balanço em igual período, um ano antes.

O grupo atribuiu esse recuo ao salto de 64,5% nas despesas financeiras, para R$ 139,6 milhões. Já a receita líquida da operação teve ligeiro crescimento de 0,4%, para R$ 525,6 milhões. Enquanto as vendas dos lojistas foram de R$ 5,5 bilhões, o maior valor já registrado pela empresa em um primeiro trimestre.

Entre janeiro e março, a receita com locação avançou 5,3%, para R$ 409,2 milhões e a taxa de ocupação foi de 95,7%, contra 96,3%, um ano antes. O Ebitda cresceu 2,5%, para R$ 400,6 milhões e a margem Ebitda evoluiu de 74,6% para 76,2%.

As ações MULT3, da Multiplan, recuavam 0,64% na B3 por volta das 12h55, cotadas a R$ 24,99. No ano, porém, os papéis registram alta de 18,5%, dando ao grupo um valor de mercado de R$ 12,2 bilhões.