A crescente valorização das empresas de tecnologia nos últimos meses, puxando pela inteligência artificial, e a alta no mercado de ações têm contribuído para aumentar o contingente de bilionários no mundo, que atingiu um novo recorde.
Estudo banco suíço UBS mostra que, em 2025, a população global nesta faixa atingiu 2,9 mil, responsáveis por controlar US$ 15,8 trilhões. Em relação ao ano passado, o crescimento entre os que possuem uma riqueza de bilhões foi de 7,5%, quando o volume de bilionários alcançou 2,7 mil, com US$ 14 trilhões acumulados.
Foram 287 novos bilionários neste ano, o segundo maior volume desde 2015, quando o UBS começou a realizar o levantamento, impulsionado pelo empreendedorismo, herança e valorização de ações. Somente em 2021, quando houve uma enxurrada de estímulos de governos e baixas taxas de juros, que impulsionaram os preços dos ativos, houve um número maior de novos bilionários.
“A gente tem visto essa aceleração no crescimento do número de bilionários, e isso vem de todas as áreas”, diz John Mathews, chefe de gestão de patrimônio privado do UBS nos EUA, segundo informou o Wall Street Journal.
Outro fator que impulsionou os ganhos de riqueza foi o crescimento no mercado de ações nos 12 meses encerrados em abril, período que abrangeu o estudo do UBS.
A implementação do tarifaço global do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afetou o retorno das ações no período, mas, ao longo dos meses após o ‘Dia da Libertação’, em 2 de abril, o mercado voltou a se recuperar e seguiu em alta.
Entre os novos bilionários que aumentaram suas próprias fortunas em 2025 estão empreendedores de diversas áreas. Segundo o UBS, entre eles estão Ben Lamm, fundador da Colossal Biosciences (empresa de biotecnologia e engenharia genética) e Michael Dorrell, confundador da Stonepeak Partners (de investimentos em infraestrutura).
Também integram a lista os irmãos Zhang Hongchao e Zhang Hongfu, donos da companhia chinesa Mixue Ice Cream and Tea, a maior rede do mundo de sorvetes e chás, que tem mais lojas que o McDonalds globalmente.
O chinês Justin Sun, embaixador de Granada na Organização Mundial do Comércio, fundador do ecossistema de blockchain TRON, e investidor no mercado de criptomoedas, também está na relação.
Entre os ‘novatos’ na relação, 91 deles herdaram suas fortunas, incluindo 15 membros de duas famílias do ramo farmacêutico na Alemanha.
“Já faz mais de uma década que falamos sobre essa grande transferência de riqueza, e estamos começando a vê-la se concretizar”, afirma Mathews. “Eu diria que estamos no segundo inning de um jogo de beisebol de nove innings.”
Segundo ele, grande parte da riqueza deve passar primeiro para os sócios, geralmente as esposas, antes de ser repassada para a próxima geração.
Mas chama a atenção, no relatório do UBS, uma relativa redistribuição do volume de riqueza no mundo. O banco ouviu 87 clientes bilionários e constatou que o interesse pelos Estados Unidos como o melhor para investir no curto prazo caiu para 63%, contra 81% no ano anterior.
Na outra ponta, a disposição por investir em outras regiões — Europa Ocidental, Grande China e Ásia-Pacífico, excluindo a Grande China — aumentou.
De acordo com o estudo, enquanto a principal preocupação dos bilionários asiáticos para o próximo ano eram as tarifas alfandegárias, a maioria dos bilionários americanos estava mais preocupada com a inflação ou o cenário geopolítico.
O relatório do UBS inclui informações de um banco de dados mantido pela instituição financeira e pela consultoria PricewaterhouseCoopers, que analisa a riqueza dos bilionários em todo o mundo.
Uma análise recente da empresa de inteligência patrimonial Altrata também mostrou um crescimento recorde no número de bilionários em todo o mundo. O estudo estimou que 3.508 pessoas detém uma riqueza de US$ 13,4 trilhões.
Deste total, um terço está nos Estados Unidos. Em segundo lugar está a China, com 321 bilionários, donos de 10% da riqueza mundial.