Quando divulgou seus resultados financeiros do terceiro trimestre, em novembro do ano passado, a 3R Petroleum informou ao mercado que o custo da companhia para realizar a extração de um barril de petróleo era de US$ 18,5. O valor é bem acima do lifting cost obtido por concorrentes como PRIO (US$ 7) e PetroReconcavo (US$ 12,15).

Em um plano de longo prazo que visa diminuir esse custo – e, assim, aumentar a sua margem de lucro sobre a operação –, a companhia está refinanciando suas dívidas. Na segunda-feira, 22 de janeiro, a 3R Petroleum informou ao mercado por meio de fato relevante que está planejando realizar uma nova emissão de títulos de dívida.

Os novos títulos seriam emitidos pela subsidiária 3R Lux, com sede em Luxemburgo. No plano da junior oil avaliada em R$ 6,9 bilhões, a emissão seria feita somente no exterior. Somados, os notes podem chegar a US$ 500 milhões (pouco menos de R$ 2,5 bilhões na cotação atual). O prazo de vencimento está previsto para 2031.

A ideia é oferecer os títulos exclusivamente para o mercado internacional e para investidores qualificados. No Brasil, a venda só poderá ser feita sob circunstâncias “que não constituam oferta pública ou de distribuição autorizada nos termos da legislação e regulamentação brasileira”, informou a empresa no fato relevante.

O dinheiro da transação seria usado para refinanciar o atual endividamento da 3R Lux. No ano retrasado, a companhia financiou a compra do Polo Potiguar numa operação de US$ 500 milhões. A compra foi feita com o auxílio dos bancos Morgan Stanley, Banco do Brasil, Citibank, Itaú BBA Internacional, Santander Brasil, entre outros.

Esse é o segundo movimento da petroleira em relação à emissão de títulos em 2024. Na semana retrasada, a companhia já havia aprovado a emissão de até R$ 1,3 bilhão em debêntures com vencimento em até cinco anos.

Para Flavio Conde, analista de investimentos da Levante, a nova emissão pode ser vista como corriqueira. “Boa parte das empresas tentam resolver problemas de financiamento no começo do ano”, afirma. De acordo com o analista, a emissão internacional busca diversificar a carteira da companhia.

Caso as duas operações se concretizem, a 3R Petroleum poderá levantar algo em torno de 40% do valor de sua dívida bruta, que totalizou R$ 8,5 bilhões no fim do terceiro trimestre do ano passado.

Ao reduzir custos operacionais, a companhia poderia diminuir também o custo de extração. “Você só consegue um custo baixo quando tem escala", afirma Conde. “A 3R está demorando um pouco para reduzir os custos.”

A 3R Petroleum já vinha tentando reduzir o seu lifting cost nos últimos trimestres. O valor médio de US$ 18,5 por barril é 21,1% menor do que o registrado no segundo trimestre do ano passado, quando cada barril demandava um investimento de US$ 23,5 da companhia.

O lifting cost é calculado com o valor de extração de cada polo da companhia. No cluster Recôncavo, por exemplo, o custo de extração gira em torno de US$ 26,8 por barril com preço médio de venda de US$ 83,7. Já no Polo Peroá, no Espírito Santo, o valor registrado no terceiro trimestre do ano passado foi de US$ 5,7 e o preço médio da venda do petróleo produzido no ativo foi de US$ 61,4 por barril.

De acordo com a petroleira, a redução está associada com a diluição de custos operacionais, a não renovação de contratos e às atividades de manutenção e recuperação de integridade.

Ainda assim, na bolsa de valores, a possibilidade da nova emissão não agradou ao mercado. As ações da 3R Petroleum fecharam em queda de 1,35% na segunda, 22 de janeiro. Nos últimos doze meses, a empresa perdeu 38% de valor de mercado – e contrariou as expectativas do Santander.

Esse cenário pode mudar caso outra estratégia para este fim também saia do papel. A 3R Petroleum está analisando uma possível fusão de negócios com a PetroReconcavo. A possibilidade foi levantada na semana passada pela acionista Maha Energy.

A ideia seria unir os campos onshore na Bahia e no Rio Grande do Norte, que antes pertenciam à Petrobras. A operação poderia transferir US$ 1,4 bilhão em dívidas da 3R com seu campo terrestre para a PetroReconcavo.

Procurada, a 3R não se manifestou até o fechamento desta reportagem.