Nos últimos 12 meses, as júnior oils foram do céu ao inferno. De favoritas dos investidores institucionais, Prio, PetroReconcavo e 3R Petroleum viram a maré virar no começo do ano diante da queda dos preços do petróleo, a imposição de uma taxa temporária sobre as exportações e a revisão do processo de desinvestimentos da Petrobras.

Em meio a isso, as ações da Petrobras embarcaram num rally, com o mercado vendo menos riscos na tese da empresa, após a mudança do governo. Desde o início do ano, as ações preferenciais da estatal subiram 32%, enquanto os papéis da Prio – a única das júnior oil a registrar desempenho positivo no ano – somam alta de 4%.

Mas, agora, o cenário volta a ser benéfico para as pequenas produtoras de óleo e gás da Bolsa, segundo a XP Investimentos. Com as ações da Petrobras em patamares considerados caros, junto com um cenário mais benéfico para o setor, os analistas André Vidal e Helena Kelm avaliam que chegou a hora de embarcar novamente na tese de investimento dessas empresas.

“Acreditamos que é hora de um retorno para as juniores, já que a Petrobras se aproxima de suas máximas de cinco anos (tanto em real quanto em dólar) e deve ter fluxo de caixa livre e dividend yield mais baixos a partir de 2024 (embora ainda forte), enquanto as empresas menores devem ganhar um impulso na produção (reduzindo assim seus custos e aumentando a geração de caixa livre)”, diz trecho do relatório.

Os analistas mantiveram a recomendação de compra para as três júnior oil em seu universo de cobertura – Prio, PetroReconcavo e 3R Petroleum – com base no valuation descontado que apresentam, com uma taxa interna de retorno (TIR) implícita de 22%, e uma assimetria positiva para o preço do contrato de petróleo tipo Brent.

Além de estarem num bom nível de preços, os analistas da XP destacam que as companhias possuem boas perspectivas de crescimento. Mesmo com a Petrobras reduzindo as vendas de ativos, as três júnior oils vêm tomando medidas para melhorar a alavancagem operacional, aumentando a produção e reduzindo os custos.

A expectativa é de que essas medidas se traduzam num aumento na geração de fluxo de caixa livre em 2024 e 2025, segundo os analistas.

Outro ponto da tese de crescimento das júnior oils passa pela consolidação. Com a área de petróleo e gás favorecendo a economia de escala, e considerando que a Petrobras não deve vender ativos nos próximos anos e as empresas menores não têm como embarcar em projetos exploratórios por conta dos custos e da complexidade, os analistas da XP avaliam que o setor passará por um processo de consolidação entre os players privados.

Os destaques das júnior oils

Diante deste cenário, a expectativa é de que a Prio se destaque. Para os analistas, por atuar em projetos offshore, ela tem mais possibilidades de adquirir ativos, uma vez que os ativos estão nas mãos de outras companhias, além da Petrobras. “Ainda consideramos a Prio o player mais bem posicionado para novas consolidações no mercado offshore nos próximos anos”, diz trecho do relatório.

Os analistas destacam ainda que a Prio traz ainda uma combinação boa de histórico de execução e boas perspectivas de crescimento do Ebitda, além do valuation descontado e expectativa de geração de fluxo de caixa. Por conta disso, o preço-alvo dos papéis subiu de R$ 41,60 para R$ 56.

A PetroReconcavo também é vista como um forte nome consolidador, olhando para os ativos onshore. A companhia realizou um grande movimento no ano passado, com a aquisição dos ativos da Maha Energy, e negocia a compra do Polo Bahia Terra, da Petrobras, ainda que o processo esteja cercado de dúvidas.

Os analistas da XP Investimentos reduziram o preço-alvo para as ações da companhia de R$ 33,80 para R$ 26,50, depois de atualização para baixo das previsões para as reservas de óleo e gás da empresa, o que levou a uma menor expectativa para a produção, ainda que o histórico de execução operacional ajude a compensar essa revisão.

A 3R Petroleum teve o preço-alvo reduzido de R$ 79,30 para R$ 56,50, em função da atualização negativa das projeções para as reservas. Por ser a empresa mais jovem do grupo, existem receios quanto à capacidade dela de entregar resultados. Ela também deve apresentar uma alavancagem financeira elevada, de 3,2 vezes em 2023, após incorporação de ativos.

Mas a conclusão da compra do Polo Potiguar no começo deste mês deve ajudar a elevar a produção da companhia a 42 mil barris de óleo equivalente ao dia, tornando a 3R a segunda maior produtora independente do Brasil. Os analistas destacam ainda que a empresa possui um portfólio diversificado de ativos, reduzindo riscos operacionais.