Com o cenário macroeconômico turbulento, o mercado extremamente volátil e praticamente nenhuma janela favorável, abrir capital é um destino que tem sido descartado nos planos da maioria das empresas, de qualquer segmento.

Entretanto, há quem esteja decidido a encarar esse percurso. É o caso da Porsche, pertencente à Volkswagen. Nesta semana, o grupo alemão anunciou os planos de um IPO da marca icônica de carros, em uma oferta que, além de seguir na contramão desse contexto, promete turbinar os números desse mercado.

Segundo a estimativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, a oferta pública inicial de ações da Porsche pode se traduzir em uma avaliação da marca entre € 60 bilhões (US$ 59,8 bilhões) e € 85 bilhões (US$ 84,6 bilhões).

O grupo alemão planeja reservar 12,5% das ações da Porsche para investidores individuais. Caso a oferta alcance o topo das projeções, essa fatia representaria cerca de € 10,6 bilhões, o que representaria o maior IPO de uma empresa europeia desde que a Glencore levantou US$ 10 bilhões, em 2011.

Nesta terça-feira, 6 de setembro, Arno Antlitz, CFO da Volkswagen, não comentou as projeções feitas por analistas. Mas ressaltou que, a partir das conversas mantidas com potenciais investidores, a empresa está confiante sobre a demanda para o IPO.

Um dia antes, a Volkswagen, havia informado, em nota, que o Conselho de Administração do grupo aprovou o caminho para a oferta e que a Porsche deve ser listada na Bolsa de Valores de Frankfurt, a princípio, entre o fim de setembro e o início de outubro deste ano.

Em preparação para esse processo, o capital da Porsche foi dividido em 50% de ações ordinárias e 50% de ações preferenciais. No IPO, a Volkswagen vai vender até 25% da participação que detém na empresa, sendo que 12,5% das ações com direito a voto serão vendidas diretamente aos herdeiros da família Porsche.

De acordo com o comunicado, o Porsche SE, o family office do clã, concordou em comprar as ações pelo preço fixado do IPO mais um prêmio de 7,5%. A Volkswagen informou ainda que a Qatar Investment Authority, fundo soberano do Catar, sinalizou a intenção de adquirir 4,99% das ações preferenciais.

Na nota, o grupo alemão acrescentou que, no caso de uma oferta bem-sucedida, 49% dos recursos arrecadados na parte que cabe à Volkswagen serão distribuídos aos acionistas da montadora na forma de um dividendo especial, que será pago, a princípio, no início de 2023.

Já do ponto de vista da operação e da estratégia da Volkswagen, o montante arrecadado no IPO ajudaria a companhia a financiar sua transição para carros elétricos e autônomos. Nessa direção, a empresa planeja investir € 73 bilhões na produção de 130 carros elétricos e híbridos até 2030, entre outras iniciativas.

As ações da Volkswagen estavam sendo negociadas com alta de 3,29% na Bolsa de Valores de Frankfurt, por volta das 16h30 (horário local) desta terça-feira. A Volkswagen está avaliada em € 86,8 bilhões.