Dois times têm protagonizado os embates para a criação de uma liga do futebol brasileiro. O primeiro deles, a Liga Brasileira de Futebol (Libra), é assessorado pelo BTG Pactual e a Codajas Sports Kapital. E tem como potencial investidor o Mubadala Capital, braço do fundo soberano do governo de Abu Dhabi.

Seu adversário, a Liga Forte Futebol (LFF), reforçada posteriormente pelo Grupo União, se apoiou em uma equipe formada pela XP, o escritório Alvarez & Marsal e a Livemode. Além dos recursos a serem aportados pela brasileira Life Capital Partners (LCP) e o fundo americano Serengeti Asset Management.

Há, porém, uma mudança em curso nesse segundo elenco. O Serengeti está deixando esse campo. E, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira pelo site Globo Esporte (GE), o escolhido para substituí-lo é a gestora americana General Atlantic.

A suposta movimentação veio à tona um dia depois de a LFF e o Grupo União, agora rebatizados de Liga Forte União, anunciarem um acordo com um grupo de investidores liderado pela Life Capital Partners (LCP), envolvendo a gestão das receitas comerciais dos 25 clubes que compões esses dois grupos.

Nos termos anunciados, o pool liderado pela LCP – que, segundo o GE, teria o reforço da General Atlantic, aportaria um volume de R$ 2,6 bilhões ao longo dos próximos 18 meses. Em troca de uma fatia, não revelada, das receitas geradas por esse bloco de times pelos próximos 50 anos, a partir de 2025.

Conforme apurou o NeoFeed, o Serengeti Asset Management, de fato, saiu de cena. A General Atlantic, por sua vez, está se aquecendo para entrar nesse jogo. Mas sua participação ainda não está sacramentada nessa operação.

“Há algumas semanas, a General Atlantic vem consultando muita gente no mercado para decidir se assina o cheque ou não”, diz uma pessoa a par das negociações ao NeoFeed. “E se realmente assume um papel maior nessa questão da liga.”

A despeito dessa decisão, a expectativa entre os clubes envolvidos no acordo é de que uma parte dos recursos prometidos pela LCP seja depositada ainda hoje. No comunicado oficial, a informação é de que os times receberiam um montante superior a R$ 1,2 bilhão nos próximos dias.

Outra possibilidade na mesa é de que uma parcela desses recursos seja aportada pela XP, por meio do fundo Sports Media Futebol Brasileiro Advisory, que encerrou sua captação há pouco mais de uma semana, levantando cerca de R$ 400 milhões, ante a expectativa inicial de R$ 800 milhões. Procurada, a XP não comentou o tema.

Tabelinha?

O NeoFeed apurou que, além da perspectiva da entrada de recursos, a percepção é de que a entrada da General Atlantic nesse jogo facilitaria a aproximação e o diálogo entre Liga Forte União e a Libra. O que, por sua vez, poderia abrir caminho para um consenso para a criação de uma liga no País.

Nos últimos meses, com as discordâncias crescendo, essa possibilidade foi ficando cada vez mais distante. Assim, a escolha dos dois lados foi pela composição de blocos comerciais, como um passo intermediário antes da consolidação de uma liga.

Após algumas trocas de “time” e desfalques de parte a parte, hoje, o bloco da Libra é composto por 16 clubes. Entre eles, Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras. Já o da Liga Forte União tem em sua escalação times como Botafogo, Internacional, Cruzeiro, Fluminense e Fortaleza.

“A General Atlantic é um nome institucional, com reputação e traz mais sobriedade pra essa conversa”, afirma uma fonte de mercado. Em sua visão, com mais esse jogador de peso, haveria mais abertura para uma eventual “tabelinha” com o Mubadala Capital na composição dos investidores da liga a ser criada.

Fundado em 1980 e com mais de R$ 77 bilhões em ativos sob gestão, a General Atlantic tem outra questão a seu favor nesse contexto. A gestora tem um bom histórico de investimentos no Brasil e coleciona participações em startups locais como único, Neon, QuintoAndar e Hotmart.

Na rodada mais recente desse portfólio no País, anunciada nesta semana, a companhia americana liderou um investimento de R$ 1 bilhão (US$ 200 milhões) na QI Tech, fintech que opera com um conjunto de APIs para que outras empresas ofereçam serviços financeiros.

Esse perfil da General Atlantic traz um contraste justamente com o Serengeti Asset Management, cuja atuação nesse processo vinha sendo bastante questionada. Seja pela falta de um histórico no Brasil ou mesmo pela ausência de informações sobre sua operação.

Nesse cenário, há cerca de três meses, conforme apurou o NeoFeed na época, o Mubadala chegou a engatar negociações com a também americana CVC Capital Partners. A ideia era costurar um modelo que trouxesse mais governança e equilíbrio para comportar o Serengeti e criar a tão esperada liga.

As conversas, no entanto, não evoluíram nessa direção. “Agora, com a possibilidade de a General Atlantic ingressar nesse processo, talvez comece a ficar apertado para um modelo que abrigue também a CVC”, observou outra fonte.

Procurada, a General Atlantic informou que não iria comentar.