Entre desinvestimentos e aquisições, a Iguatemi foi um dos nomes que lideraram a onda recente de M&As no espaço das operadoras de shopping centers. Com destaque para as compras de fatias do Rio Sul e do Pátio Paulista, além da ampliação da participação no Pátio Higienópolis.

Concluído esse ciclo, que envolveu ainda as vendas do Iguatemi São Carlos e de frações do Iguatemi Alphaville, do Market Place e do Galleria Shopping, o resultado dessa movimentação começa a ganhar protagonismo. Agora, “dentro de casa”.

“Voltamos ao Rio, num dos melhores shoppings da cidade, e reafirmamos nossa força em São Paulo”, diz Guido Oliveira, CFO da Iguatemi.

“E o terceiro trimestre é o reflexo desse trabalho, pois ele mostra a força do nosso portfólio e traz uma captura importante dessa renovação que fizemos”, complementa.

Como parte dessa visão, o executivo ressalta o fato de que o resultado apurado no período é o primeiro a incluir os números do Pátio Paulista, dado que a Iguatemi assumiu a gestão do empreendimento em 1º de julho.

No saldo dessa combinação de forças, um dos pontos destacados pelo CFO no balanço foi a alta, em base anual, de 22,5% nas vendas totais do portfólio, para R$ 5,99 bilhões, com um salto de 11,7% nas vendas por metro quadrado. O lucro líquido ajustado cresceu 8,8%, para R$ 128,9 milhões.

Entre julho e setembro, a receita líquida ajustada foi de R$ 381 milhões, o que representou uma expansão de 17,7%. O Ebitda ajustado consolidado somou R$ 302,4 milhões, um avanço de 20,6%, enquanto a margem Ebitda ajustada ficou em 79,4%, contra 77,5%, há um ano.

No que diz respeito aos indicadores operacionais, as vendas nas mesmas áreas cresceram 9%, enquanto as vendas nas mesmas lojas tiveram alta de 5,8%. Já os aluguéis nas mesmas áreas e os aluguéis nas mesmas lojas tiveram expansões, respectivamente, de 7,5% e 7,1%.

A taxa de ocupação foi de 96,1%, um ganho anual de 0,2 ponto percentual, e o custo de ocupação ficou praticamente estável, de 11,1%, contra 11% na mesma base de comparação. Enquanto a inadimplência líquida ficou em negativa em 0,3%, contra o índice, também negativo, de 3,1%, um ano antes.

Ainda no trimestre, a Iguatemi concluiu as aquisições das fatias do Pátio Paulista e Pátio Higienópolis ao finalizar a venda de participações nos dois empreendimentos para a Funcef e a RBR. Os acordos somaram R$ 414,4 milhões e eram parte da estrutura montada para viabilizar essas operações.

No total, a operadora desembolsou R$ 700 milhões para ampliar sua participação no Pátio Higienópolis, de 12% para 29%, e comprar a fatia de 11,5% no Pátio Paulista. Parte desses recursos foi financiada pela venda das frações do Market Place e do Galleria Shopping, que somaram R$ 500 milhões.

Banhos de loja

Com a conclusão desses acordos, a Iguatemi está dando continuidade aos “banhos de loja” para integrar, renovar e adequar os novos empreendimentos ao seu portfólio. Uma das etapas já vencidas nesse processo é a integração de sistemas, tanto no Rio Sul como no Pátio Higienópolis.

“Ambos já estão rodando com os nossos sistemas operacionais, financeiros e comerciais, com toda área de backoffice integrada”, diz Oliveira. “No Pátio Paulista, viramos nessa semana o nosso programa de fidelização, que era o último passo a ser dado. Agora, temos um trabalho de evolução de mix.”

Parte do portfólio da operadora há mais tempo (sua aquisição foi anunciada em julho de 2024), o Rio Sul já está mais avançado nessa frente. E vai receber, no primeiro semestre de 2026, uma das quatro novas lojas da H&M, como parte de um novo acordo da varejista sueca com o Iguatemi.

O Iguatemi São Paulo, na Faria Lima, já tinha sido escolhido como o palco da estreia da rede no Brasil, em agosto deste ano. E agora, além do Rio Sul, o novo pacote vai incluir inaugurações no Iguatemi Porto Alegre, no Praia de Belas, também na capital gaúcha, e no Iguatemi Sorocaba.

O grupo também segue reservando espaço para melhorias no portfólio que já estava “dentro de casa”. Esses são os casos do retrofit do Market Place e das expansões do Iguatemi São Paulo e do Iguatemi Brasília. Essa última teve início no segundo semestre, com um capex projetado de R$ 236 milhões.

As units da Iguatemi fecharam o dia com ligeira alta de 0,85%, cotadas a R$ 24,81. No ano, a valorização acumulada é de 43,6%. O grupo está avaliado em R$ 6,9 bilhões.