Nos últimos anos, a M. Dias Branco viu seus balanços trimestrais refletirem a dificuldade de digerir questões como o salto expressivo nos preços de insumos com a sua já conhecida estratégia de repassar todo e qualquer custo aos produtos nas gôndolas.
Agora, porém, a maior fabricante de massas e biscoitos do País, dona de marcas como Adria e Piraquê, parece ter um cenário mais palatável pela frente. Essa é a perspectiva do Bank of America (BofA), publicada em relatório na quinta-feira, 17 de agosto.
O banco atualizou a recomendação da empresa, de underperform (abaixo da média do mercado) para neutra. E elevou o preço-alvo da ação, de R$ 26 para R$ 45, representando um upside de 9,9% sobre a cotação do papel no fechamento do pregão de quarta, 16.
“Após quatro anos desafiadores, vemos um ponto de inflexão nos ganhos da empresa, impulsionado por uma significativa desaceleração de custos e por mix e preços resilientes”, escrevem os analistas Isabella Simonato e Guilherme Palhares.
A partir dessa combinação, o banco projeta que a trajetória de recuperação da margem Ebitda da companhia, que encerrou o mês de junho em 15,6%, tenha sequência, de forma mais contundente, no segundo semestre e também em 2024.
As estimativas do BofA para o indicador em 2023 e em 2024 são, respectivamente, de 13,4% e 15,4%. No ano passado, a M. Dias Branco reportou uma margem Ebitda de 9% e, no intervalo de 2018 a 2022, a média foi de 12%.
“Somos mais construtivos quanto à capacidade da empresa de sustentar/aumentar o preço e o mix de seus principais produtos, enquanto os custos em reais têm caído mais do que o esperado. Dessa forma, acreditamos que a margem se expandirá mais rapidamente e mais do que o previsto”, afirmam os analistas.
Simonato e Palhares ressaltam que a queda nos preços das commodities alimentícias serão o principal motor para essa melhora. Nas projeções, os custos menores do trigo, por exemplo, devem contribuir com um terço do crescimento de R$ 900 milhões do Ebitda até 2025.
Em contraponto, o banco não espera que as margens voltem aos patamares de 17% e 18% reportados até 2017. Entre as razões citadas estão a expansão para regiões mais competitivas e as mudanças na distribuição, com canais como o atacarejo ganhando mais relevância em relação ao varejo tradicional.
No que diz respeito à estratégia de precificação, o BofA destacou o fato de que, no segundo trimestre, mesmo com a desaceleração da inflação, a M. Dias Branco conseguiu elevar os preços de biscoitos e massas em 3%, na comparação com igual período, um ano antes.
Alta pode estar precificada
Apesar do viés positivo, os analistas observam que boa parte desse contexto parece estar precificado após uma alta de 33% das ações da companhia nos últimos três meses. E, dessa maneira, enxerga um potencial limitado de valorização para o papel.
Outra ressalva são os riscos associados à reforma tributária, dado que a operação da companhia está diretamente ligada aos benefícios fiscais. Entretanto, na visão do banco, esse panorama pode não ter reflexos no papel no curto prazo.
As ações da M. Dias Branco estavam sendo negociadas com alta de 1,8% por volta das 16h15. A empresa está avaliada em R$ 14 bilhões e seus papéis registram alta de 16,3% no acumulado de 2023.