Depois de decidir rebaixar a recomendação para as ações da Petrobras de compra para venda em novembro de 2022, muito antes da indicação de Jean Paul Prates para o cargo de CEO da companhia, o UBS BB voltou a soar o alarme em relação à companhia.

Quando decidiram pelo corte da recomendação, os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos destacaram o risco de a companhia tomar medidas que resultassem no corte dos dividendos. Entre elas, os movimentos inorgânicos.

Agora, com membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizando a possibilidade de utilizar a Petrobras para retomar a Vibra, para voltar ao mercado de distribuição de combustíveis, e de adquirir a participação da Novonor, antiga Odebrecht, na Braskem, os analistas veem o “risco de M&A” subir significativamente.

“Em nossas estimativas, existe espaço para a Petrobras potencialmente adquirir a Vibra e a Braskem, sem grandes prejuízos para o balanço da empresa, mas teria espaço limitado para distribuição de dividendos”, diz trecho do relatório. “Também vemos riscos de a (re)nacionalização desses ativos resultar em ineficiências.”

Mantendo a recomendação para as ações preferenciais em venda e o preço-alvo em R$ 20, os analistas projetam uma geração de fluxo de caixa para a Petrobras de US$ 25 bilhões em 2023. Caso siga adiante com as aquisições, a companhia teria que desembolsar cerca de US$ 11 bilhões, de acordo com os cálculos do banco.

O montante considera a oferta de R$ 47 por ação feita pela Apollo e a Adnon, estatal de Abu Dhabi, pela participação da Novonor (que detém 50,1% do capital votante), caso a Petrobras decidisse cobrir a oferta.

A cifra também leva em conta os efeitos da poison pill presente no estatuto social da Vibra, que atualmente obrigaria a Petrobras a pagar cerca de R$ 27 por ação, um prêmio de 95% em relação ao atual patamar de preços dos papéis.

A alavancagem financeira, segundo o UBS BB, permaneceria perto do patamar de 1,0 vez. Mas isso afetaria a distribuição de dividendos, especialmente aqueles extraordinários. E o fato de a empresa considerar movimentos inorgânicos coloca os pagamentos como um todo em risco.

“Mesmo se a Petrobras decidir não seguir com as aquisições, se a companhia estiver analisando suas opções, ela pode decidir reter esses recursos ao invés de propor dividendos antecipados. Isto, para nós, seria um material catalisador negativo”, diz trecho do relatório.

No caso das empresas, os analistas do UBS BB veem riscos de ineficiência. A situação é especialmente preocupante no caso da Vibra, que desde a sua privatização, em 2019, conseguiu praticamente dobrar suas margens.

Ao enxergarem riscos de uma volta das ineficiências que pesavam sobre a parte de distribuição, os analistas afirmam que a situação seria negativa não apenas para a Vibra, mas para o setor de distribuição como um todo.

“No passado, a Petrobras (por meio de seu braço de distribuição) buscou manter a oferta ao mercado, com ampla participação de mercado, mas com margens materialmente baixas”, diz trecho do relatório. “Assumindo a volta da Petrobras na distribuição de combustíveis, antecipamos uma competição maior e baixas margens para todos os players.”

Por volta das 14h38, as ações preferenciais da Petrobras caíam 0,20%, a R$ 24,54. No ano, elas acumulam alta 0,16%, levando o valor de mercado a R$ 341,7 bilhões.