Em mais uma fase do seu processo de reestruturação, a Natura informou ao mercado, nesta segunda-feira, 15 de setembro, que vendeu as operações da marca de cosméticos Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana para o Grupo PDC, empresa de bens de consumo com forte presença na América Central e no Peru.

A transação foi realizada pelo valor simbólico de US$ 1, acrescido de um recebível de US$ 22 milhões da Avon Guatemala à subsidiária integral da Natura no México. Segundo o fato relevante, a aprovação do negócio está sujeita à conclusão de uma reorganização societária das entidades jurídicas da região, prevista para ocorrer até 30 de outubro deste ano.

Como parte do acordo, a Natura atuará como licenciadora da marca Avon e como fornecedora de produtos acabados, que continuarão a ser comercializados nesses países. Esse era um dos passos aguardados pelo mercado, já que a Natura deixou claro que estava dedicada a vender a operação internacional da Avon no último ano.

Segundo dados financeiros da companhia, no primeiro semestre deste ano, as operações descontinuadas (que incluem a Avon International e a CARD), registraram saída de caixa de R$ 1,7 bilhão, levando a uma redução na posição de caixa consolidada de cerca de R$ 750 milhões. Além disso, as verticais consumiram R$ 1 bilhão do caixa no semestre.

“A transação apoiará o esforço da Natura para otimizar suas operações e simplificar seus negócios, além de posicioná-la para continuar focada na integração da Natura e da Avon na América Latina”, informou a companhia no documento.

Apesar dos resultados negativos, nem toda a operação internacional da Avon tem sido um problema para a companhia. Em encontro com investidores realizado em junho deste ano, João Paulo Ferreira, CEO da Natura, afirmou que os negócios da marca no México – onde a Avon é forte –, serão importantes para as próximas fases da companhia.

“A jornada de penetração da Avon traz muito potencial de trazer novos lares e consultoras que depois serão progressivamente expostos aos produtos da Natura”, disse Ferreira.

O México foi o último país no qual a Natura ingressou na América Latina. Por lá, a marca mantém 10 lojas próprias e a Avon traz uma alavanca imediata, ao dobrar o conhecido batalhão de consultoras do grupo para cerca de 500.

“A companhia reitera que continua explorando alternativas estratégicas para o negócio da Avon Internacional, que foi classificado como ativo mantido para venda”, completou a Natura, no comunicado.

No balanço financeiro do segundo trimestre, a companhia reportou lucro líquido de R$ 195 milhões, ante prejuízo de R$ 859 milhões no mesmo período do ano anterior. A receita líquida, por outro lado, recuou 1,7%, atingindo R$ 5,7 bilhões.

A Natura está avaliada em R$ 12 bilhões após perder 14,1% do seu valor de mercado desde o início deste ano.