A paz entre a Disney e Nelson Peltz que se desenhou no começo do ano parece ter chegado ao fim. O investidor ativista está voltando à carga em sua batalha para conseguir mais influência sobre os rumos da gigante do entretenimento.

Com quase US$ 3 bilhões em ações da Disney, Peltz e a Trian Fund Management estão em campanha para entrar no conselho de administração da companhia, buscando mais do que dois assentos, segundo apurou a  rede americana CNBC junto a fontes familiarizadas com o plano.

Em nota, a Trian não comentou as informações sobre sua intenção de buscar mais do que dois assentos no board da empresa, mas informou que pretende levar seus pontos diretamente aos acionistas da Disney.

A retomada da batalha por Peltz e Trian vem um dia depois de a Disney anunciar a indicação de James Gorman, CEO do Morgan Stanley, e de Jeremy Darroch, ex-CEO do canal de televisão britânico Sky TV, para o seu conselho de administração. As nomeações foram vistas como movimentos da gestão da Disney para se defender da nova ofensiva da Trian.

Nesta quinta-feira, a empresa afirmou em comunicado que a batalha aberta pela gestora está relacionada, na verdade, ao rancor que um dos aliados de Peltz, Isaac “Ike” Perlmutter, tem contra a empresa e seu CEO, Bob Iger.

Ike Perlmutter foi presidente da Marvel Entertainment, empresa vendida à Disney, em 2009, por US$ 4 bilhões. Ele foi demitido em março deste ano diante das diferenças que tinha em relação ao futuro da divisão de super heróis, comprando diversas brigas com o executivo-chefe do estúdio, Kevin Faige, creditado como responsável pelos sucessos das franquias Marvel nos cinemas.

Perlmutter é um dos maiores acionistas individuais da Disney. E, segundo o grupo, são dele cerca de  78% dos papéis que a Trian detém na companhia, numa demonstração de que a briga é muito mais pessoal do que para ajudar a empresa.

“Essa dinâmica é relevante para avaliar o Sr. Peltz e quaisquer outros indicados que ele possa apresentar para o conselho de administração, já que o Sr. Perlmutter foi demitido de seu emprego na Disney no início deste ano e expressou sua agenda pessoal de longa data contra o CEO da Disney, Robert Iger”, diz trecho do comunicado da empresa.

Nelson Peltz, cofundador da Trian Fund Management

A Trian, por sua vez, disse que, desde a trégua anunciada em fevereiro, os acionistas da Disney perderam cerca de US$ 70 bilhões em valor. No ano, as ações da companhia acumulam alta de 6%, enquanto o S&P 500 avança 18% no período.

Para a gestora, a chegada dos dois executivos “não vai restaurar a confiança dos investidores ou endereçar as causas por trás da significativa destruição de valor e erros que este conselho supervisionou”.

Peltz e Trian tinham interrompido a campanha contra Disney depois que a empresa revelou um plano de reestruturação de suas operações, visando cortar US$ 5,5 bilhões em custos. O investidor, de 80 anos, tem um amplo histórico contra empresas, envolvendo nomes como Heinz, Dupont e P&G.

Segundo a CNBC, ele decidiu retomar a briga com a Disney depois do anúncio dos resultados do quarto trimestre do ano fiscal de 2023. Nos três meses encerrados em 30 de setembro, a empresa registrou um lucro líquido de US$ 264 milhões, alta de 63% em base anual, enquanto a receita subiu 5,4%, para US$ 21,2 bilhões.

Por volta das 15h38, as ações da Disney subiam 0,11%, a R$ 92,61. O valor de mercado da companhia soma US$ 169,4 bilhões.