O número de empresas que estão fechando o seu capital na bolsa brasileira não para de crescer. A espanhola Iberdrola Energia acaba de protocolar o seu pedido de oferta pública de aquisições de ações (OPA) da Neonergia, que pode ser a 11ª empresa a deixar a B3 em 2026.
Além da Neoenergia, outros dez processos de OPA foram concluídos neste ano ou seguem em andamento. Os nomes incluem REAG Investimentos, Wilson Sons, Zamp, RNI, Serena Energia, Kora, Mobly, Eletromidia, Fictor e o Banco Nacional. Nem todas essas empresas, no entanto, tiveram suas ações deslistadas, pois mantiveram ainda algumas ações em circulação.
No caso da Neoenergia, o preço definido para a aquisição foi de R$ 32,50 por ação, valor que representa um prêmio de 7,98% em relação ao fechamento do pregão de sexta-feira, 21. Os valores serão corrigidos pela taxa Selic a partir de 31 de outubro, data da realização do negócio jurídico entre Iberdrola e Previ para a aquisição de 30,29% da companhia. Atualmente, a Iberdrola é dona de 83,8% da Neoenergia.
Considerando as ações em livre circulação, alvo da OPA, a operação pode movimentar cerca de R$ 6,4 bilhões. A companhia hoje é avaliada em R$ 39,3 bilhões. Desde o acordo com a Previ, que deu praticamente o poder total aos espanhóis, se tornaram ainda maiores as especulações sobre uma possível OPA da companhia.
Nesta segunda-feira, 24, as ações da Neoenergia são negociadas em alta de 7,34%, a R$ 32,31, ajustando-se ao preço da OPA. Após a aquisição dos papéis, a Iberdrola planeja deslistar suas ações da B3 e alterar o registro de companhia aberta categoria “A” para “B”, que permite apenas ofertas públicas de dívida, e não de ações.
Segundo a controladora espanhola, o objetivo da operação é simplificar a estrutura corporativa e dar maior flexibilidade na gestão financeira e operacional, dados os custos para manter a companhia listada na B3.
A operação ocorre em meio ao esvaziamento de empresas na B3, há quatro anos sem IPOs. Além dos fechamentos de capital, as recompras de ações pelas tesourarias das empresas também estão agressivas. De acordo com dados da B3, 103 companhias estão com programas em aberto para a aquisição das próprias ações. Entre elas, a Vale, Itaú, BTG, B3 e Magazine Luiza.
O valuation pouco atrativo após longos períodos de ações em baixa é um dos fatores que têm contribuído para o aumento de OPAs e programas de recompras. O caso da Neoenergia, no entanto, se mostra excepcional. Desde o início do ano, os papéis da companhia vinham de 60% de valorização. No mesmo período, o Ibovespa subiu 29%.