Mesmo após um semestre com a taxa básica de juros em 13,75% e as restrições de empréstimo para empresas, em razão dos eventos Americanas e Light, a carteira de crédito do Itaú cresceu 6,2% de janeiro a junho, para R$ 1,15 trilhão, na comparação com o mesmo período de 2022.

Do lado corporativo, a carteira de crédito para micros e médias empresas subiu 4,4%, para R$ 170 bilhões, enquanto a de grandes corporações aumentou 5,4%, para R$ 359,6 bilhões, na comparação anual.

O destaque do crédito pessoal ficou com o empréstimo para pessoas físicas, com expansão de 20,8%, para R$ 58,2 bilhões, e para o crédito imobiliário, com alta de 17%, para R$ 111,5 bilhões.

“A torneira do Itaú nunca foi fechada para o crédito. Revimos o risco nos segmentos mais voláteis, mas tanto pessoa física como jurídica crescem de forma relevante por cinco anos consecutivos no banco. Isso nunca tinha acontecido antes”, diz Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, na apresentação de resultados para a imprensa.

A expansão da carteira de crédito no período veio acompanhada da estabilização do índice de inadimplência total. Devedores com mais de 90 dias estão em 3%, um aumento de 0,1 ponto percentual (pp) em relação aos dos últimos trimestres. E uma expansão de 0,3 pp sobre os 2,7% registrados no fim de junho de 2022.

“Estamos vindo de um ciclo de ajuste. Vemos a normalização da inadimplência após dois anos atípicos, onde as famílias se alavancaram e houve um processo inflacionário”, afirma Maluhy Filho.

Os números do Itaú divergem dos seus principais concorrentes, que ainda estão preocupados com o controle da inadimplência. O Bradesco, por exemplo, viu o número de inadimplentes acima de 90 dias atingir 5,9%  ante 3,5% no primeiro semestre do ano passado.

Octavio de Lazari Júnior, CEO do Bradesco, segue a linha de Maluhy sobre a inadimplência. “O índice de inadimplência curta melhora em todos os segmentos e, acima de 90 dias, já é possível observar uma inflexão das curvas”, afirmou Lazari na divulgação de resultados do banco. “Isso nos dá conforto para começar a elevar a originação de crédito.”

Lucro sobe dois dígitos

O lucro líquido do Itaú de R$ 8,7 bilhões no segundo trimestre deste ano é 13,9% maior em relação ao mesmo período de 2022. Na comparação com o primeiro trimestre de 2023, o avanço foi de 3,6%. O ganho consolidado no primeiro semestre do banco alcançou R$ 17,2 bilhões, uma alta de 14,2% em 12 meses.

O retorno sobre o patrimônio (ROAE) do Itaú chegou a 20,9%, uma expansão de 0,2 pp sobre o primeiro trimestre. Esse indicador no Bradesco ficou em 11,2%, aumento de 0,6 pp no mesmo período de comparação.

O CEO do Itaú está otimista com o segundo semestre. Ele destaca que ainda existirá o efeito da política restritiva  e que o “repasse tende a ser imediato no crédito a grandes empresas, mas não necessariamente no varejo”, mas que o trabalho em conjunto da equipe econômica do Ministério da Fazenda e do Banco Central estão criando as condições corretas para o Brasil.

“Ainda vamos passar por um ciclo contracionista natural pelo efeito dos juros. Mas houve um trabalho forte da equipe econômica e do Banco Central. Estamos na direção correta, com arcabouço fiscal tirando o risco de desancoragem”, afirmou Maluhy.

Com o início do ciclo de queda de juros, atualmente em 13,25%, Maluly vê sinais positivos para o mercado de capitais. "Prevemos uma atividade do mercado de capitais mais robusta no segundo semestre", afirma.

Mesmo com esse resultado, a ação preferencial do Itaú abriu o pregão de terça-feira, 8 de agosto, em queda de quase 0,14%, sendo negociada na faixa de R$ 27,60. O valor de mercado da instituição financeira é de R$ 251,5 bilhões.