O som da "nova playlist" do Spotify está reverberando de formas distintas. Para recuperar a lucratividade, a plataforma de streaming de músicas e de podcasts anunciou a terceira reestruturação do ano.

Na segunda-feira, 4 de dezembro, a empresa sueca anunciou o lay off de 1,5 mil funcionários, o que corresponde a, aproximadamente, 17% da força de trabalho da empresa. Em janeiro, o Spotify desligou 600 empregados. Em junho foram mais 200 demissões.

O ajuste na operação agradou o mercado financeiro. No pregão de segunda, as ações da companhia negociadas na bolsa de valores de Nova York chegaram a registrar alta de quase 8% – no ano o papel sobe 146,2%. Com isso, o valor de mercado subiu para US$ 38,1 bilhões – o maior desde janeiro do ano passado.

Em uma carta aberta, Daniel Ek, CEO e fundador da companhia, afirmou que a decisão “é um passo difícil, mas crucial, para criar um Spotify mais forte e eficiente para o futuro”.

Em outro trecho, Ek diz que a companhia se distanciou de princípios de economia. “Tínhamos recursos limitados e precisávamos aproveitar ao máximo cada ativo”, afirma. “À medida que crescemos, afastamo-nos demasiado deste princípio fundamental da desenvoltura.”

As demissões do Spotify ocorrem em um momento em que a companhia tenta reduzir custos. A empresa revisou seu guidance para o quarto trimestre e agora espera prejuízo operacional entre € 93 milhões e € 108 milhões. A previsão anterior era de lucro operacional de € 37 milhões no período.

Ainda assim, a expectativa para a companhia com sede em Estocolmo segue sendo de atingir a lucratividade em 2024. Nos primeiros nove meses deste ano, a companhia registrou prejuízo de € 462 milhões. Em 2022, as perdas líquidas somaram € 160 milhões no período.

Os números pintados de vermelho são os resultados de uma série de apostas feitas pela empresa e que ainda não se pagaram. A principal delas envolve um investimento de mais de US$ 1 bilhão na divisão de podcasts.

Para se ter ideia do tamanho do investimento, a cifra representa quase metade do que todo o setor movimentou no ano passado nos Estados Unidos: US$ 2,3 bilhões, montante que é 25% superior ao registrado em 2021.

Ainda que o retorno não tenha sido o esperado, a companhia segue com seus planos para se tornar uma plataforma que vai além das músicas. No mês passado, o Spotify incorporou audiobooks em seu catálogo.

A expectativa de Ek é que todos esses esforços gerem retorno no longo prazo. O executivo estima que a companhia poderá ter receita de US$ 100 bilhões em 2030, conforme reportado pelo The Wall Street Journal. Nos primeiros nove meses deste ano, a empresa reportou receita de € 9,5 bilhões.