Dez minutos bastam. Esse é o tempo que a máquina Neko Body Scan leva para rastrear 50 milhões de pontos de dados do corpo humano e traçar um mapa minucioso da saúde da pele e do coração do paciente. Com a inovação, a startup sueca Neko Health inaugura um novo (e ultratecnológico) capítulo na história da medicina preventiva.
Fundada por Daniel Ek, cocriador do Spotify, e Hjalmar Nilsonne, em sua primeira rodada externa de financiamento, a empresa acaba de levantar US$ 65 milhões. O investimento foi liderado pelo fundo de venture capital Lakestar, com participação do Atomico e do General Catalyst.
Por enquanto, a startup dispõe de apenas um único centro de saúde, em Estocolmo. Com os cheques, Ek e Nilsonne pretendem levar seus serviços para outras cidades da Europa.
Desde o lançamento do Neko Body Scan, a healthtech acumula uma lista de espera de cerca de 10 mil pessoas. Os € 250 cobrados pelo exame incluem, além do rastreamento, uma consulta com um dos 35 médicos da startup, para análise dos resultados. Além de rápido, o exame é simples e não invasivo.
A varredura é feita por um aparelho equipado com 70 sensores e alimentado por inteligência artificial. A cada 20 segundos, a máquina mapeia cada centímetro quadrado do organismo. O scanner está programado para captar alterações cutâneas de 0,2 milímetro, anormalidades na pressão sanguínea, rigidez arterial e irregularidades nos batimentos cardíacos, entre outros parâmetros.
O foco do trabalho da Neko Health está na prevenção das chamadas doenças crônicas (DCNTs) não transmissíveis. Com o envelhecimento e os piores hábitos da contemporaneidade, hoje, os distúrbios cardiovasculares e os tumores malignos são a principal causa de morte no mundo.
A adoção de um estilo de vida saudável, no qual estão incluídos check-ups regulares, pode salvar vidas como também preservar a saúde financeira dos sistemas de saúde públicos e privados. A meta é cuidar da doença antes que ela aconteça. De modo a que, se acontecer, seu impacto na qualidade de vida seja o menor possível.
“Os sistemas de atenção primária foram projetados há mais de meio século – e quase não mudaram desde então. Além disso, o custo da saúde aumentou exponencialmente nas últimas décadas”, disse Ek, em comunicado, ao apresentar a Neko Health, em fevereiro. “Fazemos religiosamente a manutenção de nossos carros, todos os anos. Mas esperamos que nossos corpos adoeçam para então agirmos? Isso não faz sentido.”
A preocupação do executivo com a prevenção não é de agora. Como investidor, Ek participou do financiamento de outras healthtechs. Em 2020, por exemplo, ele esteve na rodada de série D, que levou US$ 312 milhões para a empresa de telessaúde sueca Kry.
Como defende seu sócio na Neko Health e CEO da empresa, em comunicado, “é hora de criar o futuro da saúde que queremos, para nós e as próximas gerações”. No Brasil, 80% das doenças crônicas poderiam ser evitadas com a adoção de medidas preventivas.