O balanço do terceiro trimestre da Nvidia era um dos mais aguardados por Wall Street. E, mais uma vez, a gigante de chips liderada por Jensen Huang não decepcionou o mercado. Ao contrário, voltou a superar as expectativas.
Após o fechamento do pregão de quarta-feira, 19 de novembro, a companhia reportou uma receita de US$ 57 bilhões em seu terceiro trimestre fiscal, encerrado em 26 de outubro, registrando uma alta anual de 62% sobre igual período, um ano antes.
Divulgado há três meses, o guidance da Nvidia para o trimestre era de uma receita de US$ 54 bilhões. Mas o consenso de mercado estava acima, com uma média entre US$ 54,8 bilhões e US$ 55,2 bilhões – o que representaria um crescimento anual próximo de 56%.
Entre os analistas, o Citi era o banco mais agressivo nas projeções e foi quem mais se aproximou do número reportado, ao estimar que a companhia fecharia o trimestre fiscal com uma receita de US$ 56,8 bilhões.
Em outro indicador do período, a Nvidia apurou um lucro líquido de US$ 31,9 bilhões, o que representou um salto de 65% sobre o número reportado na última linha do balanço, um ano antes. As projeções apontavam para a cifra de US$ 30,7 bilhões.
Já em outra linha do balanço, a margem bruta ficou em 73,4%, ligeiramente abaixo dos 73,5% previamente projetados pela empresa. E que estava no radar de analistas, que queriam entender se esse patamar seria sustentável diante de gargalos de fornecimento, escalada de custos e uma concorrência que avança rápido.
A grande expectativa pelo balanço se explica tanto pelos números como pela posição estratégica da companhia, um dos principais motores do boom de inteligência artificial e que, no fim de outubro, foi a primeira empresa a alcançar um valor de mercado de US$ 5 trilhões.
Com esse status, a performance da Nvidia funciona hoje como um proxy para outras empresas da IA. E esse desempenho ficou ainda mais sob os holofotes à medida que, nas últimas semanas, o mercado de capitais nos EUA registrou forte queda, puxada, em especial, pelas big techs ligadas a essa onda.
Quem chamou a atenção para esse contexto, muito influenciado pelo receio crescente dos investidores de que os recursos expressivos aplicados em IA possam não gerar um retorno condizente com essas cifras, foi John Waldron, presidente e COO do Goldman Sachs, em entrevista à Bloomberg.
“Os mercados estão muito concentrados nessa dinâmica de IA: será que vamos obter os retornos sobre o capital investido que o mercado espera, e será que isso está incluído no preço? Esse é um grande debate”, disse Waldron. Ele acrescentou que o balanço da Nvidia seria “um momento muito importante para os mercados”.
É na receita de data center da Nvidia (impulsionada pelos chips Blackwell, a peça mais cobiçada do mercado) que os investidores estão buscando as respostas sobre o apetite dos investimentos do mercado em geral. E nessa linha, a companhia também foi além das estimativas.
A receita de data center da empresa no terceiro trimestre ficou em US$ 51,2 bilhões. O montante representou uma expansão anual de 66% e veio acima das projeções, que apontavam para um crescimento de 59% e um faturamento de US$ 49 bilhões.
Apenas uma questão superava, em expectativa, os números do período: o guidance da Nvidia para o seu quarto trimestre fiscal, o que traria uma perspectiva sobre a manutenção ou não do fôlego da empresa e, por consequência, do hype em torno da IA. E aqui, outra vez, a companhia manteve sua toada.
Entre outros pontos, a Nvidia projeta uma receita na casa de US$ 65 bilhões no trimestre que fecha o seu ano fiscal e será encerrado em janeiro. A expectativa do mercado indicava para a cifra de US$ 62,2 bilhões.
As ações da Nvidia encerraram o pregão de hoje com alta de 2,85% na Nasdaq, cotadas a US$ 186,52. E subiam quase 4% no aftermarket, por volta das 16h55 (horário local). No ano, os papéis acumulam uma valorização de 38,8%, dando à empresa um valor de mercado de US$ 4,5 trilhões.
(Colaborou Márcio Kroehn)