A alta de mais de 4,5% das ações da Nvidia no after hour dá a dimensão do resultado da companhia de semicondutores no primeiro trimestre deste ano. Divulgado na noite de quarta-feira, 28 de maio, a empresa superou as expectativas de Wall Street, com receita de US$ 44,1 bilhões, um salto de quase 70% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os números consolidam a posição da empresa como a principal beneficiária do boom global de inteligência artificial, mesmo enfrentando crescentes pressões geopolíticas. O lucro líquido saltou 26% para US$ 18,8 bilhões - pouco abaixo das estimativas de US$ 19,5 bilhões.

O CEO Jensen Huang disse aos investidores que "a demanda global pela infraestrutura de IA da Nvidia é incrivelmente forte". E destacou o apetite por chips de inteligência artificial que alimentam o ChatGPT, da OpenAI.

O motor principal desse desempenho segue sendo a divisão de data centers, que registrou receita de US$ 39,1 bilhões, um crescimento anual de 73% e representando 88% da receita total da empresa.

Grandes provedores de nuvem respondem por quase metade dessa receita, enquanto produtos de rede para conectar dezenas de chips Nvidia geraram US$ 5 bilhões em vendas.

Outras divisões também apresentaram crescimento significativo: gaming subiu 42% para US$ 3,8 bilhões, automotivo e robótica cresceram 72% para US$ 567 milhões, e visualização profissional avançou 19% para US$ 509 milhões.

Apesar dos números, as tensões geopolíticas pairam sobre os resultados. As novas restrições de exportação implementadas em abril deste anos pelo governo americano proibiram a venda do chip H20, especificamente desenvolvido para o mercado chinês, forçando a Nvidia a repensar sua estratégia para a segunda maior economia do mundo.

"O mercado de US$ 50 bilhões na China para chips de IA está efetivamente fechado para a indústria americana", afirmou Huang. "A proibição de exportação do H20 encerrou nosso negócio de data center Hopper na China."

O impacto financeiro foi de US$ 4,5 bilhões em encargos relacionados ao excesso de inventário do chip H20 e perda de US$ 2,5 bilhões em vendas que teriam sido realizadas. A margem bruta do trimestre foi de 61%, mas teria atingido 71,3% sem esses encargos relacionados à China.

Chips mais baratos

Em resposta à guerra comercial, a Nvidia está desenvolvendo uma nova abordagem para manter presença no mercado chinês. A empresa planeja lançar um novo chip de IA baseado na arquitetura Blackwell, com preço mais baixo e especificações adaptadas às regulamentações americanas.

O novo processador deve custar entre US$ 6,5 mil e US$ 8 mil, representando uma redução de 35% a 50% em relação ao H20, que era vendido entre US$ 10 mil e US$ 12 mil. Para atingir esse preço, o chip utilizará memória convencional em vez da avançada High Bandwidth Memory (HBM).

A produção em massa está prevista para junho deste ano, em mais uma demonstração da agilidade da Nvidia em adaptar produtos às pressões regulatórias.

Com valor de mercado de US$ 3,3 trilhões, a ação da Nvidia está em alta de 18,4% em 12 meses, mas de apenas 0,39% em 2025.