Os avanços que a Dasa vem apresentando em seu processo de reestruturação animaram os analistas do Bank of America (BofA) a tal ponto que decidiram promover um duplo upgrade na recomendação.
Além de mudar a indicação de venda para compra, os analistas Flavio Yoshida, Gustavo Tiseo e Mirela Oliveira elevaram o preço-alvo das ações de R$ 1,40 para R$ 3.
O valor representa um upside de 68,5% em relação ao patamar atual, com os analistas destacando que os papéis estão sendo negociados a um EV/Ebitda de 3,7 vezes para 2026 — um desconto de 70% em relação à média do setor.
A decisão de recomendar diretamente a compra decorre da avaliação de que a filosofia back to basics adotada pela empresa está acelerando o processo de desalavancagem financeira — no segundo trimestre, a relação entre dívida líquida e Ebitda alcançou 2,82 vezes.
“Agora que a Dasa concluiu a primeira fase do seu processo de reestruturação (joint venture de hospitais com a Amil), a gestão está totalmente focada na melhoria operacional dos laboratórios, com expansão da margem de lucro, geração de caixa e redução da alavancagem”, diz trecho do relatório.
A recomendação fez as ações da Dasa dispararem no mercado. Por volta das 15h10, os papéis DASA3 subiam 8,8%, a R$ 1,73. No ano, acumulam queda de 6,95%, com o valor de mercado em R$ 2,2 bilhões.
No relatório, os analistas do BofA destacam que o turnaround e a venda de ativos reduziram o prazo médio de recebimento das fontes pagadoras e cortaram em 30% as despesas gerais e administrativas.
Para eles, esse trabalho permitirá à companhia crescer em sua principal competência: a medicina diagnóstica. “O segundo trimestre de 2025 foi o primeiro sob essa nova estrutura, que apresentou sinais iniciais de melhoria, os quais devem se acelerar”, afirmam.
Os analistas também ressaltam que a Dasa segue comprometida com a agenda de desalavancagem, como demonstrado pela venda dos ativos na Argentina e da Mantris — braço de gestão de saúde e medicina do trabalho — no fim de setembro.
As duas operações resultaram na entrada de R$ 705 milhões. Combinadas à geração de caixa de R$ 250 milhões, a Dasa deve registrar uma injeção de R$ 1 bilhão no caixa no terceiro trimestre.
“Além disso, prevemos uma melhoria adicional na margem Ebitda, com aumento de 1,6 ponto percentual em relação ao ano anterior em 2026 [para 21,6%], e um salto na conversão de caixa — dos atuais 20% do Ebitda para cerca de 70% em 2026, aproximando-se dos níveis de 100% da Fleury”, diz o relatório.
A expectativa é que a Dasa continue reduzindo seu tamanho, com planos de vender mais três ativos que ficaram fora da joint venture: o Hospital São Domingos, o Hospital da Bahia e a clínica de oncologia AMO.
“Estimamos que o valuation potencial desses ativos fique entre R$ 1,7 bilhão e R$ 2,7 bilhões. Caso sejam vendidos, estimamos uma redução na alavancagem entre 0,2 e 0,9 ponto percentual na relação dívida líquida/Ebitda”, conclui o relatório.