O sucesso do Ozempic não representou apenas uma mudança profunda no mercado de tratamentos para emagrecimento e um impacto significativo sobre o PIB da Dinamarca. O antidiabético da Novo Nordisk teve como efeito fazer com que outras companhias buscassem desenvolver a sua versão do medicamento.
Quem está se movendo nesta frente é a americana Eli Lilly, que anunciou nesta sexta-feira, 17 de novembro, a construção de uma fábrica de US$ 2,5 bilhões na Alemanha para atender a crescente demanda por remédios utilizados inicialmente contra diabetes para emagrecimento.
A nova fábrica vai ajudar a expandir a produção de medicamentos para diabetes e que também são utilizados em alguns países para tratar obesidade, como Mounjaro e Trulicity, além das “canetas” que injetam esses remédios. No Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do Mounjaro em setembro.
Segundo a Eli Lilly, a fábrica da Alemanha, que deve empregar cerca de 1 mil pessoas, deve fortalecer a oferta desses medicamentos quando entrar em operação, em 2027.
Com o investimento, a farmacêutica se reforça para disputar com a Novo Nordisk um mercado que vem crescendo de forma acelerada pelo mundo, com a demanda superando a capacidade de produção, conforme a própria Novo Nordisk já salientou.
Segundo um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentado em 2022, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são obesas, entre crianças e adultos. Ela estima ainda que, até 2025, aproximadamente 167 milhões de pessoas – adultos e crianças – ficarão menos saudáveis por estarem acima do peso ou obesas.
Nas contas do Morgan Stanley, até 2025, somente nos Estados Unidos, cerca de 24 milhões de pessoas estarão sob tratamento com Ozempic ou outro remédio de ação semelhante. Trata-se de 7% da população do país.
Ainda não há dados sobre o uso desses medicamentos no Brasil para emagrecimento, mas um estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), cerca de um a cada cinco beneficiários de plano de saúde está com obesidade. Em 2008, a relação era de um para oito pessoas.
Em meio às aprovações regulatórias para o uso desses medicamentos para o tratamento de obesidade, e da demanda crescente, as empresas já vêm colhendo os resultados.
A Novo Nordisk registrou no terceiro trimestre um lucro líquido de 22,5 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 3,3 bilhões), alta de 56% em base anual. A receita líquida cresceu 29%, na mesma base de comparação, a 58,7 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 8,5 bilhões).
O forte crescimento das vendas dos remédios é tão expressiva ao ponto de impactar o PIB da Dinamarca. Nos primeiros seis meses de 2023, a economia do país registrou alta de 1,7%. Não fossem os resultados da Novo Nordisk, o PIB teria caído 0,3%.
O Ozempic tornou a Novo Nordisk uma das empresas mais valiosas da Europa, com valor de mercado de US$ 452,3 bilhões, com as ações acumulando alta de 45% no ano. A Eli Lilly é avaliada em US$ 561,7 bilhões e seus papéis avançam 61,2% em 2023.