As discordâncias entre órgãos reguladores dos Estados Unidos e da China pode provocar uma saída em massa de empresas chinesas das bolsas de valores americanas. Ao menos cinco estatais chinesas com ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) estão fazendo a deslistagem de suas ADRs (ações depositárias americanas).

A lista contempla PetroChina, China Petroleum & Chemical Corp., Aluminium Corp. of China Ltd., China Life Insurance Co e Sinopec Shanghai Petrochemical Co, segundo o The Wall Street Journal. Nesta sexta-feira, 12 de agosto, as companhias notificaram a Nyse sobre os planos de deixarem a bolsa.

Isso deve fazer com que essas companhias deixem de ter papéis negociados na Nyse já no começo de setembro. As justificativas para a saída envolvem a limitação dos volumes de negociação dos títulos nos Estados Unidos, além de um ônus administrativo e dos custos de manutenção das ações na bolsa americana.

Em Pequim, o movimento não parece causar surpresa. “Essas empresas cumpriram rigorosamente as regras do mercado de capitais e os requisitos regulatórios dos EUA desde sua listagem e a decisão de deslistagem foi tomada a partir de suas próprias considerações comerciais”, diz o trecho de um documento da Comissão Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China.

O ponto é que a saída dessas cinco empresas pode ser uma prévia do que está por vir. Nos próximos meses, mais de 250 empresas chinesas com ações negociadas em bolsas de valores dos Estados Unidos também podem ter seus papéis deslistados. Desta vez, no entanto, de forma compulsória.

Entre essas empresas estão gigantes como Alibaba, JD.com e Baidu, avaliadas em US$ 248,8 bilhões, US$ 91,4 bilhões e US$ 48,8 bilhões respectivamente. O problema está em um desacordo entre órgãos reguladores dos Estados Unidos e da China sobre processos de auditoria das companhias.

O governo americano, através de uma lei que entrou em vigor em 2020, quer inspecionar de forma mais rigorosa os processos e as finanças das companhias chinesas, algo que não vem sendo bem aceito pelos órgãos chineses, que alegam preocupações de segurança nacional.

A lei em questão é o Holding Foreign Companies Accountable Act e implica que as empresas estrangeiras podem ser proibidas de negociar títulos no balcão americano caso não permitam a inspeção contábil por reguladores dos Estados Unidos durante três anos consecutivos.

Pelo menos 150 empresas estão em desacordo com a norma, segundo a Securities and Exchange Commission (SEC). As cinco empresas que notificaram a Nyse nesta sexta-feira estão no grupo, assim como Alibaba e JD.com.

Caso as empresas deixem o mercado financeiro americano, a alternativa seria a solicitação de listagens primárias na Bolsa de Valores de Hong Kong, um dos principais centros financeiros da Ásia. Assim, os investidores poderiam trocar as ADRs por ações subjacentes. Este é, por exemplo, o plano da PetroChina. Neste caso, porém, a companhia já está listada em Hong Kong desde 2000.