Em abril de 2021, quando Alexandre Santoro assumiu como CEO, a IMC, dona de redes de restaurantes e fast food como Frango Assado, Pizza Hut e KFC no Brasil, operava em modo sobrevivência. Em especial, por conta dos duros efeitos da pandemia.

De lá para cá, a empresa colocou em prática uma ampla reestruturação que envolveu, entre outras medidas, os desinvestimentos em negócios no exterior e a busca por fortalecer a estrutura de capital da companhia.

Prestes a completar dois anos à frente do grupo e com algumas etapas desse plano já cumpridas, o executivo entende que, agora, a companhia está em melhor forma para retomar seu apetite por expansão. E uma bandeira, em particular, ganhará ainda mais espaço nesse novo ciclo.

“Hoje, temos uma nova companhia e quatro grandes sistemas, cada um com um faturamento entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões”, diz Santoro, ao NeoFeed. “Mas o Frango Assado é, seguramente, o nosso negócio mais promissor e de maior potencial.”

Pizza Hut, KFC e Margaritaville, essa última, a principal bandeira do grupo nos Estados Unidos, completam o quarteto alçado, nos últimos dois anos, ao status de prioridade na estratégia da IMC, que tem ainda marcas como Viena, Olive Garden e Batata Inglesa sob o seu guarda-chuva.

“Por uma série de razões, durante os últimos dez anos, o grupo praticamente não expandiu o Frango Assado. Abrimos apenas uma unidade, no fim de 2021”, afirma Santoro. “Vamos retomar essa frente e pretendemos abrir, no mínimo, mais uma loja este ano, e, a partir de 2024, acelerar essa expansão.”

O executivo não revela uma meta de aberturas. Mas ressalta que, além de retomar essa expansão, com foco inicial nas rodovias paulistas, o plano passa pela reforma das principais unidades da rede que, atualmente, conta com 25 lojas distribuídas no estado de São Paulo e uma em Minas Gerais.

O “banho de loja” do Frango Assado começou a ser desenhado em 2022 e vai ganhar fôlego neste ano, começando pela principal unidade da rede, instalada no quilômetro 94 da rodovia Carvalho Pinto, em São José dos Campos (SP).

Além de uma nova identidade visual, essa repaginação inclui, por exemplo, a instalação de espaços ao lado das lojas sob o conceito Frango Assado Express, nos quais os clientes terão acesso a um mix reduzido de produtos, porém, com maior agilidade no atendimento.

O projeto envolve ainda questões como a oferta da modalidade de drive thru e a instalação de totens de autoatendimento para tornar o fluxo nas lojas mais dinâmico. O grupo também não descarta investir em formatos menores para dar mais velocidade a esse processo.

Outra prioridade no menu da IMC para 2023 são as operações nos Estados Unidos, mercado em que, além da Margaritaville, a companhia conta com a marca Land Shark. Desde 2021, o grupo expandiu essas redes em cidades como Nova York, Atlanta, Chicago e Miami.

Alexandre Santoro, CEO da IMC

“Temos pelo menos mais uma unidade para abrir esse ano, em Boston, entre outras oportunidades em avaliação”, observa Santoro. “Estamos falando de uma operação que já tem 30 lojas e de um negócio que fatura cerca de US$ 160 milhões por ano. Hoje, é o maior dos nossos sistemas.”

A expansão nos Estados Unidos contrasta com a visão do grupo para outros mercados fora do Brasil. No segundo semestre de 2022, a IMC vendeu suas operações no Panamá, por meio de dois acordos que somaram US$ 42,1 milhões. E não descarta novas medidas nessa direção.

“Hoje, faz pouco sentido seguirmos na Colômbia, onde temos uma operação de catering, em aeroportos e lojas de rua”, ressalta. “Não há nenhuma negociação em andamento, mas essa é uma possibilidade que claramente avaliamos para esse ano.”

Ele também não descarta uma eventual venda das marcas no Brasil que não integram o quarteto prioritário da IMC. Mas frisa que, hoje, essas operações são rentáveis e que não há nenhuma pressão para o desinvestimento em nenhum desses ativos.

Como parte desse cenário mais estável, Santoro destaca a recente emissão de R$ 200 milhões em debêntures não conversíveis, concluída neste mês de março. Com o montante, a empresa alongou dívidas nesse mesmo montante, que venciam entre 2023 e 2024, para um prazo de cinco anos.

“Captamos esses R$ 200 milhões para pagar uma dívida que custava mais caro e que era de curto prazo”, diz o CEO da IMC. “Hoje, temos uma situação financeira muito melhor do que há dois anos e isso começa a se refletir, inclusive, na nossa relação com os bancos.”

No balanço

Com essas e outras medidas, a IMC encerrou 2022 com uma dívida líquida de R$ 253,1 milhões, o que representou uma redução de 17% na comparação a cifra reportada no terceiro trimestre do mesmo ano.

O grupo fechou o período de outubro a dezembro com uma relação dívida líquida/Ebitda de 1,5 vez, contra uma alavancagem de 2,5 vezes, no trimestre anterior, e de 2,9 vezes, registrada um ano antes.

No quarto trimestre de 2022, o lucro líquido da IMC foi de R$ 122,6 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 41,7 milhões em igual período de 2021. No ano consolidado, a última linha do balanço trouxe um lucro líquido de R$ 72,7 milhões, ante uma perda de R$ 80,4 milhões, na mesma base de comparação.

A receita líquida apurada entre outubro e dezembro foi de R$ 564,3 milhões, alta de 3,6%, enquanto no ano, a marca foi de R$ 2,35 bilhões, o que representou um crescimento de 26,9% e um recorde do grupo nesse indicador.

O Ebitda ajustado, por sua vez, cresceu 71,4% no ano, para R$ 336,4 milhões. A margem Ebtida ajustada ficou em 14,3%, uma evolução de 3,7 pontos percentuais em relação ao patamar reportado em 2021.

As ações da IMC fecharam o pregão de terça-feira, 28 de março, em queda de 1,03%, cotadas em R$ 1,92. No ano, a companhia, avaliada em R$ 548 milhões, registra uma desvalorização acumulada de 31,4% em seus papéis.