Dona das cervejas Itaipava, Cristal, Cabaré e Ampolis, o Grupo Petrópolis entrou com um pedido de recuperação judicial, que foi deferido pela 5ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 de março.

A urgência para a medida cautelar buscava evitar a cobrança antecipada de dívidas da fabricante de bebidas. Na petição, a defesa do Grupo Petrópolis alega que um vencimento de uma operação financeira de R$ 105 milhões na segunda, 27, seria o estopim para o agravamento da situação de caixa da empresa.

“A empresa afirma que as necessidades atuais de capital de giro de R$ 360 milhões ​​devem aumentar para R$ 580 milhões até 10 de abril, o que faria a posição de caixa do Grupo Petrópolis cair para o território negativo, deixando a empresa sem outra opção além de solicitar a recuperação judicial”, escreveram, em relatório, as analistas do Credit Suisse Marcella Recchia e Fernanda Sayão.

O endividamento total da companhia é de R$ 4,2 bilhões - 48% com o setor financeiro e 52% com fornecedores e terceiros.

No pedido aceito pela Justiça, há a liberação dos recursos da empresa depositados no Banco Santander, Fundo Siena, Daycoval, BMG e Sofisa.

De acordo com dados do IBGE, entre 2020 e 2022, a produção de bebidas alcoólicas no Brasil ficou estável. No entanto, a Ambev, líder de mercado, ganhou cerca de 11% de market share, assim como a Heineken também cresceu nesse período.

Se as duas conquistaram consumidores nesse mercado andando de lado, alguém perdia participação. E foi justamente a dona das marcas Itaipava e Crystal.

Na petição, o Grupo Petrópolis cita a redução de receita que a companhia vinha enfrentando nos últimos 18 meses.

“Inegavelmente o Grupo Petrópolis impulsionou os ganhos de market share da Ambev e da Heineken ao longo dos últimos três anos, enquanto a empresa lutava contra as restrições financeiras”, escreveu em relatório o analista do Itaú Unibanco Gustavo Troyano. “Acreditamos que essa notícia de hoje pode sustentar uma velha tese de que pode surgir um comprador para os ativos da Petrópolis, abrindo espaço para uma mudança na dinâmica de mercado que vimos nos últimos anos.”

A administração da recuperação judicial do Grupo Petrópolis está sendo feita pela Preserva-Ação e Zveiter Advogados, os mesmos que estão cuidando da crise da Americanas.

Após a rede varejista protocolar seu pedido de recuperação judicial de mais de R$ 40 bilhões em virtude de inconsistências contábeis, outras empresas tomaram o mesmo caminho, como a Marisa e a Amaro. E a Oi, que protocolou um novo pedido de recuperação judicial menos de três meses depois de encerrar um longo processo de seis anos.