O Itaú Unibanco começou o ano de maneira positiva, entregando no primeiro trimestre resultados considerados consistentes e robustos, ao mesmo tempo em que conseguiu expandir a concessão de crédito – o banco fechou os primeiros três meses do ano com lucro líquido recorrente de R$ 11,1 bilhões, alta 14% em base anual.
A situação levou a questionamentos sobre a possibilidade do banco rever o guidance para sua carteira de crédito, dúvida que apareceu após o Bradesco divulgar um crescimento mais forte do que o esperado nesta frente no primeiro trimestre, além do fato de o Itaú demonstrar consistência no controle da qualidade de sua carteira.
Mas diante dos efeitos do ciclo de aperto monetário, Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, entende que o momento segura uma maior expansão da carteira. E destacou que o foco do banco segue sendo entregar crescimento com solidez, mantendo os princípios da política de crédito, visando crescer de forma sustentável no longo prazo.
“Nós continuamos com apetite, mas é importante lembrar que, como estamos num momento de política monetária mais restritiva, a demanda cai”, disse Maluhy em entrevista coletiva para tratar dos resultados, na sexta-feira, 9 de maio. “As nossas carteiras, em geral, que vêm crescendo de forma relevante nos últimos anos, tendem a desacelerar um pouco, da forma como foi colocado no guidance.”
O tema da carteira de crédito não foi suscitado apenas pelo resultado divulgado pelo Bradesco. Quando divulgou o guidance para este ano, nos resultados de 2024, alguns analistas avaliaram que a projeção de crescimento entre 4,5% e 8,5% era conservadora. No primeiro trimestre, a carteira total avançou 13,2% em base anual, mas recuou 1,7% em relação ao quarto trimestre.
Segundo Maluhy, o banco reafirmou o guidance por considerar que ele representa a melhor expectativa para o momento. E destacou que as expectativas do banco apontam para um crescimento robusto de margem com cliente, um custo de crédito comportado, dado o crescimento de carteira ao longo do tempo, mesmo num cenário econômico mais complexo.
“Continuamos muito positivos com a solidez do nosso balanço, e o que eu disse no call passado vale para este, que nunca estivemos tão bem para enfrentar um desafio, seja ele qual for”, disse o CEO. “Mas estamos num momento de política monetária mais restritiva, que desaquece a economia.”
Apesar da perspectiva de desaceleração da carteira no geral, Maluhy disse que o Itaú tem visto crescimento em algumas linhas acima do visto no ano passado, o que o deixa tranquilo em relação a market share. Segundo ele, o banco não está perdendo fatia de mercado, especialmente em públicos mais resilientes a cenários de estresse, com produtos que apresentam garantias.
“As nossas métricas de market share estão vindo muito saudáveis e estamos ganhando market share nos públicos target, que no final do dia explica bem como estamos conseguindo performar”, afirmou Maluhy.
Uma mudança de postura poderia vir diante de um cenário econômico mais favorável, com visibilidade de quando os juros e a inflação começarão a ceder, além de uma melhora do cenário externo, que pesou sobre a carteira de crédito ao gerar volatilidade no câmbio.
“Vamos estar prontos para acelerar ou reduzir o ritmo, dentro da lógica de crescer nos clientes target e ajustando o apetite nos clientes não target”, afirmou Maluhy. “Essa combinação é que leva a um crescimento aparentemente um pouco mais baixo, mas de muita qualidade e sustentável no longo prazo.”