A Amazon não é mais uma empresa trilionária. A gigante americana deixou o clube seleto de empresas avaliadas em mais de US$ 1 trilhão nesta terça-feira, 1º de novembro, após uma queda de 5,9% em suas ações negociadas na Nasdaq. Com o recuo, a empresa fechou o dia com seu valor de mercado em US$ 987 bilhões.

Essa foi a primeira vez que o valor de mercado da companhia caiu abaixo desse patamar desde abril de 2020, quando suas ações desvalorizaram como na trilha do avanço da pandemia. Dessa vez, no entanto, os motivos que fizeram a cotação dos papéis da empresa fundada por Jeff Bezos entrar na descendente são outros.

Uma das razões está relacionada ao momento conturbado da economia americana. O aumento da inflação e da taxa de juros, que atingiu patamares recorde no país, fez os investidores repensarem suas posições. Por consequência, o setor de tecnologia como um todo passou a sofrer no mercado de capitais.

Desde o começo do ano, as ações da Amazon acumulam uma desvalorização de mais de 43% na Nasdaq. Entre as gigantes da tecnologia, a queda só não é maior do que a da Meta. O conglomerado de Mark Zuckerberg perdeu quase 72% de valor de mercado no período seu valor de mercado despencou para US$ 252 bilhões. Apple e Microsoft sofreram menos: quedas de 17% e 31%, respectivamente, nesse intervalo.

O que também atrapalha a Amazon é o próprio desempenho da empresa. A queda no valor das ações também encontra uma justificativa no desapontamento dos investidores frente às projeções da companhia para o quarto trimestre.

No último dia 27 de outubro, ao anunciar seu resultado referente ao terceiro trimestre de 2022, a companhia divulgou um guidance de receita de até US$ 148 bilhões para o quarto trimestre, abaixo dos US$ 155,1 bilhões esperados pelo mercado.

Entre julho e setembro, a companhia já ficou ligeiramente aquém das expectativas, ao reportar uma receita de US$ 127,1 bilhões, ante uma estimativa de analistas na faixa de US$ 127,4 bilhões.

Nem mesmo a realização de duas datas do Prime Day, evento de dois dias em que a Amazon oferece descontos para os consumidores e registra números elevados de vendas, ajudou a acalmar o mercado. Até porque os resultados também ficaram abaixo do esperado.

Em julho, quando realizou seu Prime Day fora de época, a companhia disse ter vendido o recorde de 300 milhões de itens, mas não revelou quanto faturou. A expectativa era de que a edição de outubro pudesse registrar um volume maior, o que não aconteceu. Foram comercializados 100 milhões de produtos no período.

A justificativa da Amazon para o momento conturbado está no cenário macroeconômico. Na divulgação dos resultados do terceiro trimestre, Andy Jassy, CEO da companhia, afirmou que “obviamente muito está acontecendo no ambiente macroeconômico”.

Por fim, Jassy ressaltou que, por conta do contexto atual, iria “equilibrar os investimentos da companhia "para serem mais simplificados", sem comprometer as principais apostas estratégicas de longo prazo da empresa.