O banco britânico HSBC cresceu dois dígitos no Brasil em 2024, sinalizando que sua aposta na internacionalização, depois que vendeu as operações de varejo no País, está dando resultados.
O HSBC Brasil fechou 2024 com um lucro líquido de R$ 165,7 milhões no ano passado, um aumento de 27,3%, segundo o balanço divulgado nesta segunda-feira, 31 de março.
“Estamos crescendo a dois dígitos nos últimos anos e nossa intenção para 2025 não é diferente”, diz Alexandre Guião, CEO do HSBC Brasil, ao NeoFeed, que destaca que este resultado não reflete completamente o que foi o desempenho pela operação brasileira.
Segundo ele, boa parte das operações não fica nos livros locais, uma vez que o banco recorre a funding fora do País para conseguir atender seus clientes.
Considerando o balanço local e externo, ele diz que o lucro operacional superou US$ 100 milhões (R$ 574,1 milhões), enquanto o resultado operacional do balanço local registrou um lucro de R$ 229 milhões, aumento de 17,6%.
O resultado reflete a consolidação da estratégia adotada após a venda das operações ao Bradesco, em 2016. Com 45 funcionários e 70 clientes na ocasião, o HSBC começou a reestruturar sua atuação, enquanto cumpria um non-compete, de dois anos e meio, que limitou a atuação a operações cross border.
Neste ínterim, o HSBC foi reconstruindo suas operações, com o intuito de ser um banco de atacado. Com o fim da limitação, o banco passou a oferecer produtos e serviços na parte de tesouraria, atuando com derivativos e câmbio, e investment banking, com uma atuação forte na parte de dívida corporativa (DCM), com colocação no exterior.
No ano passado, o HSBC Brasil foi um dos coordenadores do bond verde emitido pelo governo brasileiro, em junho do ano passado, de US$ 2 bilhões, junto com Goldman Sachs e Bank of America (BofA).

O banco também comandou a primeira emissão de um panda bond, título de dívida de empresa estrangeira em moeda chinesa, de uma companhia das Américas. A Suzano captou 1,2 bilhão de yuans com esse papel em novembro do ano passado (US$ 167,9 milhões, na ocasião).
Com os pilares estabelecidos, e contando agora com 197 funcionários, o plano do HSBC Brasil é seguir ganhando share of wallet num universo de 600 multinacionais que o banco entende que pode se beneficiar da oferta de produtos do banco.
Para isso, e considerando os resultados alcançados até o momento, o HSBC injetou US$ 100 milhões na operação brasileira, em 2023, através da emissão de letra subordinada.
Antes disso, em 2020, o HSBC fez um upgrade de sua licença, de banco de investimento para banco comercial, o que permitiu atuar na parte de cash management. O banco possui um livro local para empréstimos, algo que a instituição quer avançar nos próximos anos, visando fazer cross sell dos serviços atuais.
O HSBC também está fortalecendo seu leque de produtos. No ano passado, o banco lançou seu cartão de crédito corporativo e fechou uma parceria com o Banco do Brasil para facilitar o pagamento de impostos por parte de companhias estrangeiras. “Eu diria que, hoje, praticamente 90% dos produtos do HSBC estão disponíveis para os clientes”, diz Guião.
Para ele, a atual oferta de produtos e serviços, junto com a presença em 60 países, coloca o HSBC à frente das grandes instituições locais quando o assunto é internacionalização e em pé de igualdade para enfrentar o Citi e o J.P. Morgan, reforçando a presença no País.