A imposição de tarifas aos mais variados países e setores da economia tem sido um dos fios condutores da segunda passagem de Donald Trump pela Casa Branca. E o presidente dos Estados Unidos trouxe um novo argumento a essa trama na segunda-feira, 29 de setembro.

O novo alvo do tarifaço do mandatário americano é a indústria do cinema, e, mais especificamente, os filmes produzidos fora dos Estados Unidos. Como de costume, Trump usou seu perfil na rede social Truth Social para comunicar a sequência desta saga.

“Nosso negócio de produção cinematográfica foi roubado dos Estados Unidos da América por outros países, assim como roubam “doces de crianças”, escreveu Trump, destacando que a Califórnia, com seu governador “fraco e incompetente” (Gavin Newson), foi particularmente afetada.

“Portanto, para resolver esse problema antigo e sem fim, vou impor uma tarifa de 100% sobre quaisquer e todos os filmes que forem feitos fora dos Estados Unidos”, escreveu Trump, em postagem realizada na segunda, 29.

Em maio, o presidente americano já havia dado um spoiler a respeito dessas intenções, ao trazer à tona, pela primeira vez, a ameaça de taxar produções feitas em outros países. Entretanto, como naquela oportunidade, ele não trouxe detalhes de como e quando esse roteiro será escrito na prática.

O fato é que a divisão das etapas de uma produção cinematográfica em diversos países - da produção ao financiamento, passando pela pós-produção e os efeitos visuais - tem sido, cada vez mais, a tônica dessa indústria, o que dificultaria estabelecer como essa tarifa seria imposta.

Com a oferta de incentivos fiscais, mercados como Canadá, Reino Unido e Austrália têm se consolidado como polos de produção para os estúdios de Hollywood, o que inclui filmes tanto para os cinemas como para as plataformas de streaming.

Esse novo mapa também inclui o avanço das coproduções americanas com estúdios estrangeiros, especialmente da Europa e da Ásia, regiões em que os parceiros locais oferecem financiamento, acesso a mercados e redes de distribuição.

Dados publicados pela agência Reuters traduzem esse script em números. Segundo o levantamento, os investimentos em produções nos Estados Unidos recuaram 26% no intervalo de 2022 para 2024. No ano passado, o país movimentou US$ 14,54 bilhões nessa frente.

Também em 2024, o Reino Unido ficou na segunda posição entre os “campeões de bilheteria”, ao atrair US$ 5,91 bilhões em produções. Em seguida, vieram o Canadá, com US$ 5,41 bilhões, e Austrália e Nova Zelândia, com US$ 2,04 bilhões.

Em outra ponta, números compilados pela Motion Picture Association mostram que, em 2023, os filmes produzidos nos Estados Unidos movimentaram US$ 22,6 bilhões em exportações e geraram um superávit comercial de US$ 15,3 bilhões para o país.