Depois de uma série de especulações, que ganhou força nos últimos dias, o grupo Omnicom confirmou nesta segunda-feira, 9 de dezembro, que seu Conselho de Administração aprovou a aquisição da também americana Interpublic em um negócio de US$ 13 bilhões em ações.
A transação envolverá uma troca de ações, por meio da qual a Omnicom passará a deter 60,6% da empresa combinada, enquanto os acionistas da Interpublic deterão a fatia restante de 39,4% do restante da operação. E, na prática, vai criar o maior grupo de comunicação e publicidade do mundo.
O acordo acontece no momento em que a inteligência artificial traz uma ruptura significativa ao setor de marketing, permitindo que as empresas criem anúncios mais baratos, rápidos e direcionados, o que força as agências a investir centenas de milhões de dólares para aproveitar a tecnologia.
Com um valor de mercado somado de mais de US$ 30 bilhões e levando-se em conta os indicadores consolidados de 2023, a nova companhia resultante do acordo terá uma receita combinada de US$ 25,6 bilhões, sendo 57% gerada no mercado americano e os 43% restantes no exterior.
Com isso, a nova companhia, que passará a se chamar Omnicom, será maior do que a britânica WPP e do que a francesa Publicis.
Em outros números que traduzem a magnitude da operação, a empresa terá um Ebitda ajustado de US$ 3,9 bilhões e um fluxo de caixa livre de US$ 3,3 bilhões. A expectativa de captura de sinergias anuais em custos, por sua vez, é de US$ 750 milhões.
Ao mesmo tempo, a operação combinada terá mais de 100 mil profissionais, com um portfólio de serviços de ponta a ponta em campos como mídia, publicidade, dados, digital commerce, relações públicas e branding.
Já em termos de agências, o portfólio dos dois grupos inclui companhias como BBDO e TBWA, por parte da Omnicom, e McCann, FCB e Mediabrands, sob o guarda-chuva da Interpublic.
O mercado brasileiro também traz uma boa amostra do que está incluído nesse mapa. No País, o leque das duas empresas envolve agências de publicidade e comunicação como Africa, AlmapBBDO, CDN, TBWA, Ketchum, WMcCann, WeberShandiwck e Golin.
“Agora é o momento perfeito para reunir nossas tecnologias, capacidades, talentos e pegadas geográficas para trazer aos clientes resultados superiores e baseados em dados”, afirmou, em nota, John Wren, CEO da Omnicom.
Na mesma linha, Philippe Krakowsky, CEO da Interpublic, ressaltou que os dois grupos têm ofertas, presença geográfica e culturas altamente complementares. E que a transação representa uma grande oportunidade estratégica para todos os stakeholders.
“Estamos criando um portfólio de serviços exclusivamente abrangente que nos tornará o parceiro de marketing e vendas mais poderoso em um mundo que está mudando rapidamente”, destacou, no comunicado, o executivo.
A partir da combinação, Wren será o presidente e CEO da nova companhia, enquanto Phil Angelastro, CFO da Omnicom, permanecerá no cargo. Ao mesmo tempo, Krakowsky e Daryl Simm, da Interpublic, passarão a atuar como copresidentes e COOs da operação.
Se as duas partes se mostraram afinadas no discurso, no mercado de capitais dos EUA, as recepções ao anúncio foram bem diferentes para a dupla. Enquanto as ações da Omnicom recuavam 6,87% por volta das 10h41 (horário local), os papéis da Interpublic registravam alta de 9,69%.