Depois de criar planos de telefonia customizados para times de futebol e celebridades, como a atriz Larissa Manoela, a Dry Telecom vai fornecer chips de telefonia móvel para alunos de baixa renda, num negócio que pode ajudar a quadruplicar seu faturamento.
A companhia, uma operadora de telefonia móvel por meio de rede virtual, modelo conhecido como Mobile Virtual Network Operator (MVNO), superou os grandes nomes da telecomunicação como Vivo, Claro e TIM e venceu a licitação para atender o projeto do governo federal chamado “Internet Brasil”, que vai subsidiar e facilitar o acesso à internet para estudantes de baixa renda pelo País.
Com esse e outros contratos públicos que vem conquistando, a Dry Telecom projeta um salto operacional. Considerando todos os seus produtos, a expectativa é fechar 2023 com um faturamento de R$ 40 milhões, acima dos R$ 10 milhões registrados no ano passado, e aproximar a companhia do breakeven.
“Em termos de escala e posicionamento de marca, o contrato com o governo federal nos ajudará a ter aproximadamente 1 milhão de linhas até o final do ano”, diz Tatiane Perez, sócia e CEO da Dry Telecom em entrevista exclusiva ao NeoFeed.
A Dry Telecom ficou responsável por 70% da demanda e vai fornecer 700 mil linhas de dados móveis ao Internet Brasil, programa voltado a estudantes de classes D e E cadastrados no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Brasil), da União.
A empresa vai fornecer três tipos de planos: um básico, de 5 gigabytes (GB); um segundo, de 10 GB; e o terceiro de 20 GB. A escolha do modelo caberá ao governo.
A expectativa da companhia é disponibilizar 500 mil linhas neste ano. O contrato de prestação de serviço tem duração de 12 meses, podendo ser renovado dependendo do andamento do projeto.
O caminho para 1 milhão
As licitações públicas vêm ganhando destaque na Dry Telecom, sendo um importante fator para a empresa alcançar a meta de 1 milhão de linhas. Além do programa Internet Brasil, ela ganhou outras duas licitações no ano passado, em Rondônia e Cuiabá (MT), para distribuição de 180 mil linhas e 104 mil linhas a estudantes de baixa renda, respectivamente.
“Existem outros editais que já estamos de olho”, diz Perez. “Participamos de outros pequenos, para prefeituras locais, uma no Paraná e outra em São Paulo.”
Fundada em 2019 por Perez e outros três sócios, a Dry Telecom opera pelo modelo de MVNO, em que as empresas não precisam deter infraestrutura nem frequências próprias, utilizando a rede de outras operadoras para prestar serviços.
Sem contar com aporte de investidores externos, a companhia foi firmando acordos para fornecer chips e serviços atrelados a clubes de futebol, celebridades e comunidades. O primeiro produto neste sentido foi lançado no primeiro ano de existência da empresa, um chip para torcedores do São Paulo. Esse modelo passou, também, a ser um meio de o clube oferecer benefícios aos seus torcedores, como camisas autografadas e visitas ao centro de treinamento.
Após esse primeiro contrato, a empresa expandiu seu serviço para 11 clubes de futebol, como Corinthians e Vasco da Gama, além de ter desenvolvido uma operadora para fãs da atriz Larissa Manoela, para o fantasy game Cartola FC, da Globo, e escolas de samba como Mangueira e Beija Flor. Os planos, todos eles pré-pagos, custam entre R$ 25 e R$ 75 aos consumidores.
Com o modelo, a companhia registra atualmente uma base de 60 mil clientes ativos, com Perez vendo a possibilidade de expandir essa base, considerando que ele gera uma vinculação dos consumidores com a marca que oferece o plano e as perspectivas do setor.
Segundo dados da consultoria Teleco, a quantidade de celulares atendidos por MVNOs apresentou crescimento de 44% em 2022 em relação ao ano anterior, atingindo 3,6 milhões. Desde 2018, o aumento é de sete vezes.
“Com o consumidor entendendo que ao colocar carga ele pode se beneficiar de outros serviços, ele vê um valor agregado ao chip”, diz Perez. “Ele torna tangível uma relação que não é somente um serviço, como as operadoras tradicionais fazem.”