Desde agosto do ano passado, quando a joint venture entre Bradesco e banco BV criou uma gestora independente, havia uma apreensão entre os 160 funcionários. O tempo estava passando e nenhum avanço parecia aparente.

Na manhã de quinta-feira, 22 de junho, no Rochaverá Corporate Towers, sede do BV, dois “buracos” foram tapados com os anúncios da nova marca, a Tivio Capital, e Christian Egan como o CEO da operação.

“Os acionistas são ‘legalistas’. Antes da aprovação do Banco Central, que aconteceu no fim de fevereiro, nada poderia ser feito para não ter problema com o regulador”, diz José Roberto Salvini, que era o diretor-executivo do Banco BV e assume como COO da Tivio. “Para o mercado parece que demorou, mas a agenda interna estava intensa.”

Egan teve o primeiro contato com a equipe que vai liderar - em poucos meses em um novo espaço que está sendo montado para a Tivio na Faria Lima.

Ainda dando seus primeiros passos dentro da nova estrutura, ele afirmou para o NeoFeed que as próximas semanas serão dedicadas a criar as estratégias tanto para a gestora, que detém, aproximadamente, R$ 42,2 bilhões sob gestão, como para o braço de wealth, com R$ 22 bilhões sob custódia no private banking.

“A Tivio nasce como plataforma de asset e wealth com um tamanho considerável. Queremos dar uma experiência digital de altíssima qualidade”, diz Egan. “Vamos olhar para os ativos líquidos e também para os ilíquidos, como energia, clima, teses que são favorecidas pela agenda do Brasil.”

A ideia inicial é entender os produtos que estão na prateleira e enxergar as oportunidades tanto para os ativos líquidos, onde a competição é grande com as demais gestoras independentes, como para os estruturados, onde os diferenciais fazem toda a diferença na estratégia do wealth.

“Acredito que o mercado está voltando para um ajuste, com um apetite maior a risco e também com ativos de maior duration”, afirma Egan. “No Brasil, com a queda de juro gradual, a condição vai ser propícia e favorável para produtos estruturados em um ciclo de investimento de três a cinco anos.”

O desafio de Egan é criar um negócio tão vitorioso como o da Kinea, gestora independente criada em 2007 pelo Itaú Unibanco em parceria com ex-sócios do BankBoston, que hoje detém R$ 78,3 bilhões sob gestão.

Egan começou a carreira no então Pactual no fim dos anos 1990, depois ficou quase 11 anos no Credit Suisse, em Nova York, foram sete anos no Itaú BBA e nove anos e meio no Itaú, onde foi head da tesouraria e de mercados globais.

Em dezembro do ano passado, Egan se juntou à Vectis, especializada em fundos de crédito e imobiliários, com Patrick O’Grady, com quem tinha trabalhado no Pactual, e Alexandre Aoude, contemporâneo de Itaú. A ideia era que ele desenvolvesse a área de venture capital da gestora - Egan é embaixador da Endeavor e um entusiasta do tema inovação.

Essa passagem curta na Vectis é explicada pelo tamanho do desafio que Bradesco e BV apresentaram a ele: a Tivio, um neologismo da palavra ativo.